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Comitê quis endurecer restrições em SP, mas Doria adota 'aperta e solta'

1º.fev.2021 - Governador de São Paulo, João Doria (PSDB), durante entrevista sobre a pandemia - Divulgação
1º.fev.2021 - Governador de São Paulo, João Doria (PSDB), durante entrevista sobre a pandemia Imagem: Divulgação

Leonardo Martins e Lucas Borges Teixeira

Colaboração para o UOL, em São Paulo, e do UOL, em São Paulo

04/02/2021 11h00

Endurecer o Plano São Paulo ou colocar o estado todo nas regras da fase vermelha seria mais eficiente do que medidas pontuais de restrição, avaliam médicos do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo.

Conforme o UOL apurou, integrantes do comitê que aconselha o governo paulista no combate à covid-19 preferiam ter sido mais enfáticos nas medidas adotadas neste começo de ano, mas a gestão de João Doria (PSDB) preferiu o meio-termo.

Segundo os membros ouvidos, não foi possível mensurar o efeito de o estado de São Paulo estar na fase vermelha aos finais de semana, porque a medida foi suspensa nesta quarta (3), ficando vigente somente nos dias 30 e 31 de janeiro. Para parte do grupo, não deve ter causado a queda dos números. O estado avalia dados como a média da taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) exclusivas para covid, novas internações e mortes.

Duas medidas foram propostas: diminuir o indicador de taxa de ocupação de UTI para a cidade regredir para a fase vermelha —passando de acima de 80% para acima de 70%— ou colocar todo o estado na fase mais restritiva por duas semanas.

Doria foi para um meio-termo: reduziu a taxa de ocupação de UTI para regressão para a fase laranja, a segunda mais restritiva, de acima de 75% para acima de 70%, e colocou todo o estado na fase mais restritiva durante os finais de semana —sobre esse último ponto, já voltou atrás e cancelou a medida.

Se a mudança no indicador ocorresse agora, o número de regiões na fase vermelha subiria de seis para nove.

'Restrição de horário segurou números'

Para o coordenador do Centro de Contingência, Paulo Menezes, a restrição de horário voltada em especial a bares e à vida noturna, estabelecida em janeiro, foi responsável por evitar que os números crescessem ainda mais.

Desde janeiro, foi proibido o consumo em bares e limitado o funcionamento até as 20h. "Já está comprovado tanto por estudos como na prática que a transmissão é muito maior em bares, especialmente fechados, do que em outros ambientes. Pior que eles, só as baladas, que estão proibidas", afirmou Menezes.

Sem bares nem lockdown

A proposta no Palácio dos Bandeirantes é cancelar a abertura de bares, sem implementar um lockdown ou uma fase vermelha geral.

O governo diz que o modelo do Plano São Paulo, mesmo com seus eventuais —e cada vez mais constantes— ajustes, tem sido o responsável pela redução de 11% nas internações da última semana.

O governo paulista também distribuiu 250 leitos de UTI pelo estado em janeiro, o que contribuiu para a queda deste indicador.