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SP: 'É desperdício guardar vacina para a 2ª dose', diz Gabbardo

Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em SP - Divulgação/Governo Estadual
Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus em SP Imagem: Divulgação/Governo Estadual

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

08/03/2021 09h59

O coordenador do Centro de Contingência da Covid-19 do governo de São Paulo, João Gabbardo, defendeu hoje a ampliação da faixa etária na campanha de imunização contra o novo coronavírus a partir do uso de todas as doses.

A declaração de Gabbardo tem relação com a queda de internações e óbitos de pessoas com mais de 90 anos na cidade de São Paulo após o início da campanha de vacinação. De janeiro para fevereiro, as internações passaram de 246 para 104. Já em relação aos óbitos, a quantidade saiu de 127 para 38. Os dados são da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.

"Nós não deveríamos estar guardando vacina para fazer a segunda dose. Se tivéssemos avançado na primeira dose para um número maior de idosos, teríamos avançado a faixa de 85 ou 80 anos de idade e elas já teriam reduzido de forma bastante significativa as mortes", explicou, em entrevista à CNN Brasil.

Gabbardo considerou a possibilidade de usar todas as doses mesmo sem a garantia de que o Ministério da Saúde envie aos estados a quantidade necessária para a segunda aplicação do imunizante.

"É desperdício guardar vacina para a segunda dose, mesmo correndo o risco de certo atraso. Se atrasar uma ou duas semanas, não afetaria nada. Agora antecipar a vacina para o número maior de idosos, mostraria uma redução em internações e óbitos dos idosos. (...) Com essa informação [queda em internações e mortes por covid-19], os responsáveis pela elaboração do calendário podem ficar mais sensíveis a essa possibilidade de ampliação da cobertura usando todas as doses, podendo ter um resultado muito maior", defendeu.

"Não pretendemos fazer hospitais de campanha"

Questionado sobre a marca de 80% na ocupação de leitos das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) em São Paulo, registrada ontem, Gabbardo afirmou que o governo não pretende fazer hospitais improvisados. A ideia seria reforçar a cobertura hospitalar em estruturas definitivas.

De acordo com Gabbardo, São Paulo enfrenta uma taxa de 2,7% de aumento diário no número de internados.

Em 22 de fevereiro havia 6.410 pacientes em UTI. Já hoje o número subiu para 8.415, o que corresponde a mais de 100 novas internações em UTIs por dia.

"Todo os recursos e investimento que forem feitos em ampliação de leito serão em instalação definitiva. Vamos pegar hospitais que estejam com espaços ociosos. Com isso, vamos fazendo uma oferta na demanda de leitos onde já tem estrutura, tendo que contratar profissionais para responder a essa ampliação. Não pretendemos fazer hospitais temporários ou de tenda, com instalações provisórias. Achamos que, neste momento, não é o mais adequado. É melhor investir em hospital de forma definitiva até para que fique de legado a população", declarou.