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"Estamos vivendo um colapso nacional", diz chefe do fórum de governadores

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT) - MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT) Imagem: MATEUS BONOMI/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

10/03/2021 13h41Atualizada em 10/03/2021 16h33

O presidente do fórum de governadores, Wellington Dias (PT), governador do Piauí, afirmou hoje que o Brasil já vive neste momento um colapso nacional em razão da pandemia de coronavírus. A declaração foi dada em entrevista coletiva hoje na qual anunciou que 23 chefes de estados firmaram os termos do pacto nacional para conter o avanço da covid-19.

A primeira frase que tenho a dizer -- e que pode resumir este momento -- é que já estamos vivendo um colapso nacional. O que estamos trabalhando agora é para evitar uma tragédia maior"
Wellington Dias (PT), governador do Piauí

Segundo Dias, o documento já tem a assinatura de 23 estados dos 27. "Mas não perdemos a linha de diálogo com os demais estados, queremos todos", diz. Ele afirma que os detalhes finais ainda estão sendo fechados, mas antecipou os três eixos do plano.

Mais cedo, 21 governadores haviam publicado uma carta cobrando ações do governo. Dias não informou qual os dois estados que estão no pacto e não assinaram a carta — o governo do Paraná, que não constava do documento, afirmou, porém, que integra o grupo de governadores nesta demanda.

"O primeiro são as medidas nas 27 unidades que possam prevenir, cortar a transmissibilidade do vírus. O segundo é cobrar, agir para termos celeridade de vacinação. O terceiro é apoio para a rede de saúde, que precisa neste instante não apenas da parte financeira, mas de equipamentos, para que ninguém morra na porta de um hospital sem ter como respirar", afirma.

Segundo ele, diante da atual situação, não é mais coerente que medidas sejam tomadas de forma isolada por estados e municípios.

"O caminho não pode ser só mais do Piauí, de um estado. Por isso estive conversando com os presidentes da Câmara, do Senado, com o Judiciário, para que se tenha um pacto nacional pela vida, e não só um jogo de palavras: é uma necessidade. Ontem foram quase 2.000 óbitos. Não podemos perder a sensibilidade", disse.

"E esse pacto foi feito a muitas mãos, que envolve os três Poderes, mais os fóruns do Judiciário, dos governadores, dos municípios. Vamos estar também dialogando com entidades empresariais e de trabalhadores, com o consórcio nacional de imprensa para que nos ajude", disse.

Ele explica que o plano é uma "saída paliativa". "Não quereremos iludir ninguém, isso é um fôlego neste momento que estamos. Ao invés de um estado fazer ação, outro faz depois, porque não busca fazer todos ao mesmo tempo? Cito o Carnaval como exemplo, cos 26 estados mais o DF (Distrito Federal) combinando de não patrocinamos eventos e buscando inibir eventos."

Dias diz que as medidas devem ser nacionais, nas adequadas por cada estado pelo Brasil. "O objetivo é trabalhar a prevenção, mas também a solução definitiva — que é a compra de vacinas e tenha mais vacinação", disse.

O governador afirma ainda que o plano é como um piso de medidas, ou seja, critérios mínimos que cada estado deve adotar em termos de política de isolamento.

Estamos discutindo isso hoje, mas não haverá receio, nenhum vacilo de tomar medidas. O que for necessário fazer, vamos fazer"
Wellington Dias, governador do Piauí, que não descarta a possibilidade de um lockdown

Questionado se o plano seria um recado ao governo federal pela insatisfação dos ministros, ressaltou que um lockdown no sentido amplo da palavra (com todas as pessoas em casa) só e possível com apoio federal.

"Não temos interesse em competir com a União. Queremos agir integrados, governo federal e governos estaduais. Querendo o caminho do plano estratégico nacional da covid-19. O que não vamos é ficar parados, estamos sendo pró ativos, buscando ajudar também, como foi no caso das vacinas: fomos atrás dela e vimos que tem", afirma.

Por fim, Dias disse esperar que as medidas de esforço conjunto culminem para o país chegar com 75% de brasileiros até julho. "É possível, somos um dos dez países com laboratórios potentes, com cientistas, expertise em vacinas", afirma.