Bolsonaro volta a criticar governadores e diz que 'lockdown não é remédio'
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou hoje que o lockdown não serve para combater a pandemia do novo coronavírus e citou a OMS (Organização Mundial da Saúde) para defender o seu posicionamento mesmo dizendo que o órgão é "desacreditado". Não é a primeira vez que o presidente ironiza a OMS —desde o início da pandemia, ele ataca o uso de máscara e o isolamento social como medidas de enfrentamento à covid-19.
"Até mesmo a desacreditada OMS disse que o lockdown não serve para combater a pandemia. Ela tem apenas uma consequência: transformar os pobres em mais pobres", disse Bolsonaro em evento no Congresso Nacional.
Apesar da declaração de Bolsonaro, a OMS diz considerar o confinamento "mais uma arma do arsenal" de combate à pandemia. Para o órgão, o lockdown pode ajudar a ganhar tempo "especialmente se houver uma transmissão comunitária intensa".
A confusão sobre o posicionamento da OMS começou em outubro do ano passado quando o enviado especial da OMS para covid-19, David Nabarro, disse que a OMS não defendia o confinamento como o principal meio de controle do vírus. A frase repercutiu e foi distorcida por líderes como o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Críticas aos governos estaduais
Bolsonaro também não poupou críticas a governadores, que, com o agravamento da crise, estão adotando restrições como o toque de recolher e a fase emergencial, em São Paulo.
"Aqui no Distrito Federal, toma-se medida por decreto de estado de sítio, das 22h às 5h ninguém pode andar. Uma medida extrema dessa, só eu, o presidente da República, e o Congresso Nacional, poderiam tomar. E a gente está deixando isso acontecer, ficando quietos... Até quando podemos aguentar essa irresponsabilidade do lockdown?", questionou o presidente.
Bolsonaro citou o estado de São Paulo, onde o governo, segundo ele, "vai para [o caminho da] destruição". "O efeito colateral do combate ao vírus está sendo mais danoso, lockdown não é remédio".
Segundo o presidente Bolsonaro, quem opta pelo toque de recolher não está preocupado com vidas. "O povo quer é trabalhar, onde se esperava um dia ouvir isso do povo? Quem rema contra isso tem uma grande ambição: atingir o presidente da República", disse. "Não posso admitir que continue acontecendo isso porque eles não querem salvar vidas, eles querem poder".
O presidente ainda comparou o isolamento a um "sapo fervido", ou seja, depois de aumentada a temperatura, "não sai mais da panela". Ele ainda disse que prefeitos e governadores estão "destruindo" a economia.
"Até quando? Até quando nossa economia vai resistir? Se colapsar, vai ser uma desgraça. O que poderemos ter brevemente? Invasão a supermercado, fogo em ônibus, greves, piquetes, paralisações. Onde vamos chegar? Será tarde para o sapo sair da panela", disse Bolsonaro.
Nas últimas duas semanas, o Brasil viu a média diária de óbitos saltar 43%. Em 25 de fevereiro, o número estava em 1.150. Agora está em 1.645, o maior da pandemia. Na quarta-feira, 10, o Brasil registrou 2.349 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas, de acordo com dados do consórcio formado por veículos de imprensa.
Mesmo com os números que demonstram o agravamento da crise, Bolsonaro defendeu a atuação do governo na pandemia e voltou a dizer que "economia e vida" andam de mãos dadas, além de defender a vacinação em massa, assim como fez ontem após discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Alfinetada no STF
Além de criticar governadores que vem adotando medidas para conter o avanço da covid-19, Bolsonaro também "culpou" o STF (Supremo Tribunal Federal) por gerar "concorrência" na adoção de medidas restritivas, como o próprio toque de recolher. Em abril, no início da pandemia, o STF deu autonomia para que estados e municípios pudessem atuar no combate ao vírus.
A decisão, entretanto, não proíbe a União e o presidente Bolsonaro de tomar ações para conter a pandemia, como reafirmou o STF.
Para Bolsonaro, "quando o STF decide que presidente, governadores e prefeitos são concorrentes, quem dá a palavra final são os prefeitos. Vamos supor que eu baixe medidas restritivas para o sudeste, um governador pode agravar minhas medidas e, dentro do estado, qualquer governador pode agravar mais ainda".
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