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Mesmo após lockdown noturno, cidades do ABC registram alta nas internações

Fila na UPA Perimetral, em Santo André (SP) - Lucas Borges Teixeira/UOL
Fila na UPA Perimetral, em Santo André (SP) Imagem: Lucas Borges Teixeira/UOL

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em Santo André

12/03/2021 19h07Atualizada em 12/03/2021 19h18

O agravamento da pandemia do novo coronavírus tem ficado cada vez mais evidente nas cidades de grande porte do estado de São Paulo, como na região do ABC. Com 92% das UTIs ocupadas, Santo André, uma das cidades escolhidas pelo governo para receber hospitais de campanha, está com trânsito intenso de pacientes e unidades de saúde lotadas.

Em meio ao recorde de novos casos e mortes em 24 horas em todo o país, cenas de filas por consultas, unidades de tratamento intensivo lotadas e óbitos têm se tornado comuns na região. No estado, a taxa de ocupação dos leitos complexos está em 87%, a maior desde o início da pandemia, em março do ano passado.

"Estou na fila há uma hora e meia", contou Luísa Amaral, 34, à frente da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Perimetral, no centro de Santo André, na tarde da última quarta (10). Ela diz que começou a sentir sintomas de covid-19 no fim de semana, mas a falta de ar havia piorado naquela manhã.

"É uma sensação muito ruim. Para subir a escada da minha casa parece que eu andei a cidade toda. Hoje de manhã me deu até tontura, então decidi vir", disse ela, segurando a mão da filha de 5 anos. Segundo Luísa, a criança não apresenta sintomas, mas a mãe queria testá-la mesmo assim. "Para garantir."

Como ela, mais de 20 pessoas aguardavam na fila da UPA. Com aumento da procura, a espera durante o dia pode chegar a uma hora e meia, duas horas. O lado direito da unidade, voltado a pacientes com covid, estava muito mais cheio do que o esquerdo, voltado às consultas cotidianas. Na madrugada, informou uma funcionária, o movimento cai, mas ainda assim há demanda.

O prefeito Paulo Serra (PSDB) tem feito sucessivos alertas sobre o perfil cada vez mais jovem dos infectados, algo que tem sido observado em todo o estado. "Para ter uma ideia, em junho do ano passado a média ficava em 67 anos, hoje fica em 47 anos", afirmou, em entrevista no fim de fevereiro.

No hospital de campanha montado no Complexo Esportivo Pedro Dell'Antonia, região central da cidade, os leitos estão quase todos preenchidos. Os funcionários falam em movimento "moderado", mas o UOL acompanhou movimentação alta de carros e ambulâncias em poucos minutos.

A vizinha São Bernardo do Campo também está à beira do colapso, com mais de 90% dos leitos ocupados. Na tarde de quarta, o prefeito já previa um colapso. "A situação é gravíssima. Estamos em risco pior que [a fase] vermelha sob o aspecto pandêmico", declarou Orlando Morando (PSDB).

Para tentar frear os números, a cidade instituiu toque de recolher das 22h às 5h no início de março, na mesma época em que o governo estadual anunciou o seu "toque de restrição" das 23h às 5h.

São Caetano do Sul aparenta uma situação um pouco mais controlada. No fim de semana passado, a administração municipal anunciou a criação de dez novos leitos de UTI. A lotação nas unidades complexas está acima dos 80% e da enfermaria, em 90%.

"Com o aumento dos casos, a nossa dinâmica dentro do hospital está muito bem gerenciada. Em alguns dias, a gente deverá ter uma demanda maior por leitos de UTI, então a gente tem a capacidade de pegar leitos de enfermaria e transformar em UTI. Nós temos respiradores suficientes, temos monitores", declarou o prefeito Tite Campanella (Cidadania), em um vídeo publicado nesta semana nas redes sociais da prefeitura.

Ainda assim, os números começaram a crescer na região. Este efeito tem sido visto em todo o estado. Na quinta-feira (11), o governo estadual admitiu que poderá haver colapso do sistema público caso o governo federal não volte a custear 678 leitos do SUS (Sistema Único de Saúde) responsabilidade da União. E instituiu a fase emergencial do Plano São Paulo, em todo o estado, com mais restrições do que

Hospital de campanha

Agora, a região deverá receber um novo hospital de campanha na segunda quinzena de março no AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de Santo André. Ao todo, serão 280 leitos de enfermaria e UTI distribuídos em 11 unidades de saúde do estado.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, os locais foram escolhidos de acordo com as capacidades de estrutura física e equipe profissional e com a condição de absorver a demanda.

No primeiro pico da pandemia, em junho, Santo André chegou a ter outros dois hospitais de campanha, um no Estádio Bruno Daniel e outro na UFABC (Universidade Federal do ABC), com total de 410 leitos.

O UOL não conseguiu local um representante da Prefeitura de Santo André para se posicionar sobre a situação da pandemia na cidade.