Políticos do mundo têm que assumir responsabilidade por vacinas, diz Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que os políticos do mundo têm que assumir a responsabilidade por fornecer vacinas não só para os seus países, mas também para nações que não podem pagar pelos imunizantes. Lula comparou a imunização em massa no mundo ao fim da Segunda Guerra Mundial, já que as vacinas seriam capazes de acabar com a pandemia de covid-19.
"Cada um está por si. Somos 7 bilhões no mundo e vamos produzir 2 bilhões de vacinas, o que significa que teremos 5 bilhões sem vacina", afirmou o ex-presidente em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, exibida hoje na CNN Internacional, nos Estados Unidos.
"É uma responsabilidade de todos os países do mundo, incluindo o Brasil, de produzir vacinas para a sua própria população e para países que não podem pagar", acrescentou. "Por isso que há um jeito, o que precisa é que os políticos assumam responsabilidades."
Na mesma entrevista, Lula sugeriu que o presidente americano Joe Biden convoque uma reunião do G20 — grupo que reúne líderes das nações mais ricas do mundo — para que seja discutida a questão das vacinas. O ex-presidente também levantou a possibilidade de os Estados Unidos doarem parte do seu estoque de vacinas.
"Eu sei que os Estados Unidos têm estoque de vacinas e que não vão usar todas. Talvez essas doses de vacina possam ser doadas ao Brasil ou países mais pobres que não podem pagar por ela", disse Lula.
Na comparação com a Segunda Guerra, o ex-presidente defendeu que as nações mais pobres pudessem pagar pelas vacinas depois, quando a pandemia já tivesse terminado e suas economias pudessem se recuperar.
SUS "destruído"
Lula ainda criticou a política do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação ao SUS (Sistema Único de Saúde). Para o petista, Bolsonaro vem "destruindo" o sistema com cortes no orçamento.
"É importante para o povo americano saber que o nosso país tem um sistema de saúde extraordinário, que é nacional, que era muito bom, e agora está muito mal. É importante lembrar que o Brasil, durante a crise do H1N1, em três meses vacinou 83 milhões de pessoas, então temos o maior programa de vacinação do mundo", disse Lula.
A campanha de vacinação contra a gripe H1N1 aconteceu em 2010. Segundo dados da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), o país conseguiu vacinar 92 milhões de pessoas em apenas três meses, o que foi suficiente para ultrapassar a meta em relação ao público-alvo da campanha.
"Nos últimos anos eles destruíram esse sistema de saúde nacional, reduzindo o orçamento", concluiu o ex-presidente.
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