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Mandetta critica início de Queiroga e diz que ele pode "ser só mais um"

16.mar.2020 - O então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), durante pronunciamento à imprensa - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
16.mar.2020 - O então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), durante pronunciamento à imprensa Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

24/03/2021 23h18

O ex-ministro Henrique Mandetta criticou o início da gestão do atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por suposto disfarce em dados no sistema de registro de óbitos por covid-19.

"O ministro não começa bem. Ele está trabalhando há dez dias dialogando no Ministério da Saúde e ele fala que não sabe que estão mudando os dados da contagem. Essas metas têm que ser abertas como vai ser. As decisões precisam ser baseadas em ciência. Se não for isso ele se perde e vai ser só mais um", disse ele, em entrevista à GloboNews.

Hoje, o Ministério da Saúde passou a exigir o cadastro do CPF, do número do cartão do SUS e a nacionalidade de pacientes com coronavírus, o que atrasou e fez o número de óbitos pela doença cair. A mudança teria sido questionada pelas secretarias e conselhos de saúde responsáveis por coletar os dados em estados e municípios.

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a mudança alterou, por exemplo, o registro de óbitos em São Paulo: na terça, o número de mortes por causa da covid no estado chegou a 1.021, o maior já registrado em toda a pandemia; já nesta quarta foram 281 óbitos (nas últimas 24 horas).

Um técnico do Ministério da Saúde informou à publicação que também houve um problema de instabilidade no Datasus, que cuida do sistema de informações da pasta. A inserção do CPF não teria puxado dados dos pacientes automaticamente.

"Comitê foi feito lá atrás"

Durante a entrevista, Mandetta também fez críticas à criação do comitê nacional para coordenar o enfrentamento à pandemia do coronavírus. O anúncio ocorreu após um encontro do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado, do STF (Supremo Tribunal Federal), alguns governadores e ministros.

"O comitê foi feito lá atrás, mas nunca foi ouvido. Tem muita gente que passou pela primeira onda porque a sociedade fez um distanciamento social. Esse pessoal que entrou achou que aquilo caiu de graça. Não compraram as vacinas no tempo certo. O sofrimento é hoje, é já", disse Mandetta.

"As pessoas estão lá fora passando necessidade. Você não vê um aceno, uma política. Essa crise não cabe no Legislativo e Judiciário, nem nesse Executivo caótico que estamos vendo. Não é brincadeira o que estão fazendo. Até agora o Brasil não merece esse respeito do mundo. A gente não merece passar por isso. Eu não ousaria dizer se a imagem do Brasil é pior na saúde, na política, nas relações exteriores. Não saberia dizer onde é pior", concluiu.