Governadores cobram ajuda da União para buscar vacina e insumo no exterior
Em reunião de mais de três horas hoje pela manhã com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), governadores cobraram a ajuda da União para buscar no exterior mais vacinas e insumos contra a covid-19.
Além de a vacinação no país estar em ritmo mais lento do que o esperado pelos governadores, diversos hospitais já sofrem com a redução no estoque de medicamentos para tratar pacientes em UTIs (Unidade de Terapia Intensiva). O Ministério da Saúde já teve que requisitar produtos da indústria para uso no SUS (Sistema Único de Saúde) e o setor privado relata dificuldades para novas compras.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), falou que se pediu na reunião que o Ministério das Relações Exteriores entre em contato com países cuja situação da pandemia esteja melhor e pergunte se o Brasil pode enviar aviões para buscar vacinas e remédios excedentes. A ideia dos governadores é que sejam utilizadas aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira).
Dino diz que a medida tem de ser imediata, e não dar para esperar as importações pelo método de praxe, pois a chegada desses insumos pode demorar até 4 semanas enquanto pessoas morrem na fila por um leito de UTI, por exemplo.
A reunião de hoje é a primeira de governadores com Pacheco após o anúncio de um comitê federal para ações de combate à pandemia. Os governadores reclamaram ter ficado de fora da formação oficial do colegiado. Por enquanto, Pacheco será um dos principais responsáveis por fazer a interlocução entre estados, municípios e governo federal.
Pacheco se comprometeu a levar os pleitos ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Este se reuniu com Pacheco logo após a reunião dos governadores, sem chegar a conversar com os mandatários estaduais pela videoconferência.
A reunião foi permeada de críticas ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Ele conta com o apoio de Bolsonaro, mas está na mira da artilharia dos governadores e do Congresso Nacional por uma gestão que consideram incompetente para conseguir ajuda de países que poderiam colaborar com o Brasil na crise sanitária.
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), disse que os governadores e Pacheco concordaram também em buscar ajuda à ONU (Organização das Nações Unidas), OMS (Organização Mundial da Saúde) e à OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), e a outras nações, como a Rússia, China, a Índia e o Reino Unido.
Além disso, os governadores reclamaram que o Orçamento de 2021 foi aprovado sem os recursos que consideram o suficiente para continuar enfrentando a pandemia ao longo do ano. Eles pediram a Pacheco que o Congresso apoie e aprove medidas de créditos suplementares para a saúde.
Dias ressalta os maiores gastos com mais pacientes internados, pessoas em necessidade de tratamento para sequelas da covid-19 e à espera na fila com outras doenças.
Outro ponto abordado na reunião foi a necessidade de todos os estados seguirem os critérios prioritários estabelecidos pelo PNI (Programa Nacional de Imunização). Isso porque alguns estados querem incorporar algumas categorias, como profissionais da educação, na vacinação, o que pode atrasar a vacinação de outros grupos e gerar uma cobertura vacinal desigual no país, avalia parte dos governadores.
Os governadores querem ainda manter neste ano regra usada em 2020 para maior habilitação e cobertura financeira de leitos UTI e leitos clínicos pela União, exigem um cronograma mais claro de entregas de vacinas aos estados e cobram estratégia para se passar a até 2 milhões de vacinados com a 1ª dose de um imunizante por dia.
Bolsonaro também foi alvo de críticas dos governadores na reunião com Pacheco. O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), afirmou que os mandatários estaduais repudiaram as declarações e postagens do presidente da República que superestimam o auxílio financeiro do governo federal aos estados, fora ataques de Bolsonaro a medidas de isolamento social adotadas.
Pacheco disse que já comentou com Bolsonaro alguns dos pontos levantados pelos governadores e que o presidente os teria recebido "com muita tranquilidade".
Em coletiva após a reunião, Pacheco disse que cabe ao Bolsonaro exonerar ou manter Ernesto Araújo no comando do Itamaraty. O mesmo vale para o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência Filipe Martins, após gesto com possível conotação racista ou obscena por senadores em audiência da Casa nesta semana. A Polícia Legislativa investiga o caso e pode encaminhar sua conclusão ao Judiciário ou ao Ministério Público para as devidas providências.
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