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Brasil encerra pior mês da pandemia com novo recorde: 3.950 mortes em 24 h

Douglas Porto, Thaís Augusto e Ricardo Espina

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em São Paulo

31/03/2021 18h31Atualizada em 01/04/2021 16h21

Após bater sucessivos recordes ao longo desta semana, o Brasil termina o mês de março com o dia mais letal de toda a pandemia do novo coronavírus. Entre ontem e hoje, foram computadas 3.950 mortes em decorrência da doença. O número supera o recorde anterior, de 3.668 óbitos, atingido ontem.

Pela primeira vez, num intervalo de sete dias, foram registradas mais de 20 mil mortes. O levantamento é do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, com base nos dados fornecidos pelas secretarias estaduais de saúde.

E mais: pelo sexto dia seguido, a média de mortes nos últimos sete dias supera os índices anteriores, atingindo o marco de 2.971. O índice é liderado pelo estado de São Paulo, que no período, registrou em média 821 óbitos.

De ontem para hoje, foram registrados 89.200 novos casos pelos estados, elevando o total de infectados a 12.753.258.

Já de acordo com as bases de dados do governo federal, foram 3.869 novas mortes confirmadas últimas 24 horas, o que totaliza 321.515 óbitos desde o início da pandemia.

Nas últimas 24 horas, houve 90.638 testes positivos cadastrados em todo o país, elevando o total de infectados para 12.748.747, segundo o ministério. Desse total, 11.169.937 pessoas se recuperaram da covid-19 até o momento, com outras 1.257.295 em acompanhamento.

Os dados não indicam quando as mortes e a confirmação dos casos de fato ocorreram, mas, sim, quando passaram a constar das bases de dados dos estados.

66 mil mortes em um mês

O saldo registrado hoje representa o dobro do que pior mês de 2020. Foram 66.868 óbitos durante os 31 dias do mês. Até então o recorde era de julho, com 32.912.

Antes mesmo de acabar, março já havia superado esse patamar no dia 19. Em julho de 2020, foi registrado o pico da primeira onda. Depois, as mortes começaram a cair, até atingir um pouco mais de 13 mil em novembro. Porém, com o início dos feriados de verão e fim de ano, os números voltaram a crescer e explodiram em março.

Além disso, março também foi o mês em que em que quase todos os estados apresentaram tendência de aceleração na média móvel de mortes por covid-19. A única exceção é o estado do Amazonas, que teve apenas quedas depois de apresentar altas consecutivas em dezembro, janeiro e fevereiro.

A segunda onda também trouxe o arrefecimento de outra estatística: o número de mortes de profissionais de enfermagem por covid-19 voltou a se acelerar, fazendo desse período aquele com mais mortes de enfermeiros, técnicos, auxiliares de enfermagem e obstetrizes em decorrência da covid-19.

Em março, o número de mortes no Brasil seria suficiente para "classificar" o país como 10º colocado no ranking de países com maior número de óbitos desde o início da pandemia.

Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, apenas EUA (551.863), México (202.633), Índia (162.468), Reino Unido (126.955), Itália (109.346), Rússia (97.219), França (95.798), Alemanha (76.459) e Espanha (75.459) superam a marca que o Brasil obteve só em março.

A pandemia nos estados

Três regiões do país apresentam números em aceleração: Sudeste (80%), Centro-Oeste (54%) e Nordeste (27%). O Sul, com 9%, e o Norte com 1% estão estáveis. No geral, o Brasil apresenta aumento de 42% nos dados de média móvel nas mortes comparado com os dados de 14 dias atrás.

São 16 estados e o DF com alta nos registros, enquanto oito apresentam estabilidade (BA, PA, PR, RO, RR, RS, SC e SE) e outros dois em queda (AC e AM).

Três estados e mais o Distrito Federal estabeleceram hoje o seu recorde de mortes em 24 horas

  • Bahia - 160 (antes era 155, de 26 de março de 2021)
  • Ceará - 282 (antes era 261, de 21 de maio de 2020)
  • Distrito Federal - 117 (antes era 94, de 30 março de 2021)
  • Paraíba - 73 (antes era 70, de 30 de março de 2021)

Dez estados e mais o Distrito Federal reportaram mais de cem mortes por covid-19 nas últimas 24 horas. Nestes locais, o total de vítimas soma 3.400:

  • São Paulo - 1.160
  • Minas Gerais - 417
  • Rio Grande do Sul - 304
  • Rio de Janeiro - 295
  • Ceará - 282
  • Paraná - 196
  • Goiás - 182
  • Bahia - 160
  • Santa Catarina - 133
  • Distrito Federal - 117
  • Mato Grosso - 100

Veja a situação por estado e no Distrito Federal:

Região Sudeste

  • Espírito Santo: aceleração (106%)

  • Minas Gerais: aceleração (51%)

  • Rio de Janeiro: aceleração (121%)

  • São Paulo: aceleração (81%)

Região Norte

  • Acre: queda (-16%)

  • Amazonas: queda (-44%)

  • Amapá: aceleração (59%)

  • Pará: estabilidade (12%)

  • Rondônia: estabilidade (13%)

  • Roraima: queda (-10%)

  • Tocantins: aceleração (30%)

Região Nordeste

  • Alagoas: aceleração (26%)

  • Bahia: estabilidade (7%)

  • Ceará: aceleração (45%)

  • Maranhão: aceleração (43%)

  • Paraíba: aceleração (34%)

  • Pernambuco: aceleração (25%)

  • Piauí: aceleração (37%)

  • Rio Grande do Norte: aceleração (32%)

  • Sergipe: estabilidade (12%)

Região Centro-Oeste

  • Distrito Federal: aceleração (111%)

  • Goiás: aceleração (38%)

  • Mato Grosso: aceleração (38%)

  • Mato Grosso do Sul: aceleração (78%)

Região Sul

  • Paraná: estabilidade (3%)

  • Rio Grande do Sul: estabilidade (13%)

  • Santa Catarina: estabilidade (11%)

Veículos se unem pela informação

Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de covid-19, os veículos de comunicação UOL, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa para buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.

O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes de autoridades e do próprio presidente durante a pandemia colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.