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Covid: Anvisa vê resposta 'célere' sobre pedidos de uso de medicamentos

Gerente-geral de Medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes - Divulgação/Conselho Federal de Farmácia
Gerente-geral de Medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes Imagem: Divulgação/Conselho Federal de Farmácia

Colaboração para o UOL

05/04/2021 10h38Atualizada em 05/04/2021 11h03

O diretor-geral de medicamentos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Gustavo Mendes, disse hoje que acredita que a agência dará uma resposta "célere" sobre os dois pedidos de uso de medicamentos contra o novo coronavírus em andamento no país. Na última semana, os laboratórios Roche e Eli Lilly entraram na Anvisa com pedido para uso emergencial de drogas contra o vírus feitos a partir de anticorpos sintéticos.

"É um anticorpo que é gerado por meio de processos tecnológicos, ao invés de ser o próprio corpo com a vacina gerando. A ideia é muito interessante, é utilizada para várias doenças. (Os laboratórios) pediram autorização de uso emergencial na Anvisa com base em autorizações que foram emitidas nos Estados Unidos", afirmou Mendes, em entrevista à CNN.

O medicamento da Roche é resultado da combinação de dois fármacos biológicos (casirivimabe + imdevimabe). A farmacêutica diz que o coquetel de medicamentos conta a covid-19 foi testado em aproximadamente 23 mil pessoas em ensaios clínicos realizados em fevereiro de 2021.

Já a droga da Eli Lilly reduziu em 87% as hospitalizações em testes com pacientes de alto risco para a doença. Seu uso é permitido nos Estados Unidos para pacientes com sintomas de leve a moderado, mas que tenham alto risco de desenvolverem formas graves da covid-19.

"Tendo e vista que a Anvisa tem uma série de acordos com os Estados Unidos, o FDA (do inglês Food and Drug Administration, a agência que regula o uso de alimentos e medicamentos nos EUA), a gente tem acesso aos dados que geraram a análise deles, aos estudos que foram conduzidos. A gente acredita que essa resposta vai ser célere, porque a gente tem todos esses dados", projetou Mendes.

O diretor da Anvisa avisa que o foco da agência neste momento é saber se os produtos aprovados nos Estados Unidos são os mesmos que virão para o Brasil, em relação à cadeia de produção e qualidade.

No dia 12 de março, a Anvisa aprovou o uso do antiviral rendesivir para o tratamento da covid-19 no Brasil. O medicamento já vinha sendo estudado no país contra a doença desde junho de 2020 em estudo clínico com pacientes hospitalizados com pneumonia grave após serem infectados pelo novo coronavírus.

Testes da ButanVac e da Versamune

Sobre o pedido feito pelo Instituto Butantan para iniciar os testes com a ButanVac, o gerente-geral de medicamentos da Anvisa disse que a agência aguarda receber a proposta do estudo de fase 1, mostrando quantas pessoas vão ser testadas e quem vai executar os estudos. O mesmo é esperado para a Versamune, vacina que está sendo desenvolvida pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, em parceira com as empresas Farmacore e PDS Biotechnology.

"A ButanVac especificamente é uma vacina que realizou os ensaios na fase não clínica. Eles fizeram os testes em modelos animais, que são os primeiros testes feitos em vacinas (...) O pedido é para realizar os ensaios chamados fase 1, o primeiro momento que vai ser testado em humano", explica.

Mendes diz que não há como confirmar a previsão do governador de São Paulo, João Dória (PSDB), de começar a distribuir a ButanVac já em julho. Ele reforça que na fase 3 dos testes, é preciso que o imunizante consiga pelo menos 50% de eficácia contra a doença.

"Esse tempo da ciência não cabe à Anvisa definir, nem os próprios pesquisadores, porque é preciso ter resultados que sejam válidos e confiáveis antes de se avançar para a vacinação. Então, realmente não dá para dizer se vamos conseguir nesse tempo ou não", defende.

Entraves da Sputnik V

Ao falar do pedido para uso emergencial da Sputnik V, o gerente-geral de Medicamentos da Anvisa disse que nesta semana haverá uma reunião de diretores da agência com governadores para explicar a situação do imunizante. A vacina produzida pelo Instituto Gamaleya de Moscou, na Rússia, está na mira de vários estados, que querem fazer compras do imunizante paralelas ao governo federal.

"Os diretores propuseram uma reunião com os governadores para explicar quais são os pontos, as necessidades, e a gente acredita que com isso vai poder facilitar o avanço dessas análises", avisou.

Além da Sputnik V, a Anvisa também discute outras duas vacinas para uso no Brasil: a Covaxin, desenvolvida pela farmacêutica indiana Bharat Biotech, e a chinesa CanSino. Na última semana, a agência negou a importação de 20 milhões de doses do primeiro imunizante pelo governo federal. Já sobre a CanSino, há a expectativa de que o laboratório responsável pela vacina peça seu uso emergencial no país.

"Não dá para adiantar muita informação porque esse pedido ainda não está formalizado. Mas a gente acredita que em breve vamos ter avanços, porque estamos fazendo esse acompanhamento com eles", apontou Mendes.