Diante de colapso, Bolsonaro diz para não "chorar o leite derramado"
Em meio ao pior momento da pandemia do coronavírus no Brasil — ontem, o país ultrapassou pela primeira vez a marca de 4 mil mortes em 24 horas — o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a adotar um discurso negacionista durante viagem ao Sul.
Para Bolsonaro, a pandemia é utilizada politicamente "não para derrotar o vírus, mas para tentar derrubar o presidente". Com relação ao aumento expressivo de casos e de mortes pela doença, o presidente afirmou: "Não vamos chorar o leite derramado".
"Todos nós somos responsáveis pelo que acontece no Brasil. Em qual país do mundo não morre gente? Infelizmente, morre gente em tudo que é lugar. Queremos é minimizar esse problema", disse o presidente. Ele participou hoje da cerimônia de posse do novo diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu, no Paraná.
As declarações de Bolsonaro acontecem no momento em que diversos estados brasileiros vivem uma situação de colapso sanitário devido ao crescimento do número de casos de covid. Hoje, o país ultrapassou a marca de 340 mil mortos pela doença.
À BBC, o médico libanês Ali Mokdad, professor do Instituto de Métricas de Saúde e Avaliação (IHME, na sigla em inglês) da Universidade de Washington, disse que o Brasil pode enfrentar um mês de abril ainda mais mortífero que o mês de março — o pior desde o início da pandemia no país.
Na cidade de São Paulo, a prefeitura começou a abrir 600 sepulturas por dia em quatro cemitérios devido à alta de enterros em meio à pandemia de covid-19. A prefeitura também estuda a construção de um cemitério vertical em Itaquera, com 26 mil sepulturas em formato de gavetas.
Além disso, há o risco de falta de insumos: um levantamento da Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados), feito com 88 instituições de ponta de todas as regiões do país, mostra que 7 em cada 10 hospitais de excelência do Brasil enfrentam problemas com abastecimento de oxigênio e também de anestésicos utilizados no tratamento de pacientes com covid-19.
STF retoma julgamento sobre cultos amanhã
Nesse contexto, o plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) começou a deliberar hoje sobre a liberação da realização de missas e cultos presenciais durante a vigência de medidas de restrição devido à pandemia no país.
A sessão foi suspensa após o voto do relator, ministro Gilmar Mendes, que defendeu que os templos religiosos devem permanecer temporariamente fechados.
"A restrição temporária de frequentar eventos religiosos públicos traduz ou promove dissimuladamente alguma religião? A interdição de templos e edifícios acarretam coercitiva condução de indivíduos para esta ou aquela visão religiosa? A resposta me parece a de ser definitivamente negativa", declarou o ministro.
Mendes ainda fez duras críticas ao Advogado-Geral da União, André Mendonça, e ao Procurador-Geral da República, Augusto Aras. Ambos defenderam a abertura de templos religiosos mesmo com leis locais para mantê-los fechados.
O plenário do STF voltará a debater o assunto amanhã.
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