Só 13% de municípios têm capacidade de atendimento em UTI, diz estudo
Um novo estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) aponta que apenas 13% dos municípios brasileiros possuem capacidade de atender pacientes com covid-19 que necessitam de tratamento na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) - são 741 do total de 5.570. Uma das conclusões feitas pelos pesquisadores é que a população migra quando precisa tratar o coronavírus e procura outras cidades ou estados dispostos a recebê-la.
Além disso, pouco menos de um quinto dos municípios teve estrutura para acolher mais de 10% dos seus habitantes em UTIs. Com os dados, o estudo, feito pelo grupo da Icict (Instituto de Comunicação e Informação em Saúde), reforça a importância de integrar políticas de enfrentamento ao covid, especialmente entre municípios que compartilham redes de saúde.
"Esses números apontam que decisões isoladas em alguns municípios podem, além de trazer o aumento de casos localmente, provocar a ocupação dos leitos compartilhados dentro dessa rede de atenção à saúde, deixando toda a população dessa rede sem atendimento e, consequentemente, demandando atendimento para as redes vizinhas", conclui o estudo.
A nota técnica reforça que a forma de decisão política, atualmente, é unilateral e não leva em conta essa migração de pacientes que pode ocorrer devido à falta de infraestrutura de certos locais. Portanto, municípios mais equipados são como "importadores de casos graves" e os menos são "exportadores" de pacientes infectados pelo coronavírus.
"O deslocamento intermunicipal de pessoas para a utilização de serviços públicos ou conveniados ao SUS precisa ser levado em conta na configuração das Regiões de Saúde", alerta Diego Xavier, epidemiologista do Icict e um dos autores do estudo. O pesquisador acredita que a metodologia usada na nota pode ser aplicada pelos municípios para aliviar o problema.
"Usamos a teoria dos grafos e algoritmos de classificação que consideram modularidade, de forma a identificar a conformidade das Regiões de Saúde atuais com o uso efetivo dos serviços hospitalares em nível nacional. É uma metodologia que os municípios podem utilizar", explica.
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