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No 1º domingo da fase de transição em SP, isolamento fica igual ao anterior

Movimentação de passageiros na estação do Tatuapé, do Metro e da CPTM, Zona Leste de São Paulo, durante a fase emergencial - PAULO GUERETA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO
Movimentação de passageiros na estação do Tatuapé, do Metro e da CPTM, Zona Leste de São Paulo, durante a fase emergencial Imagem: PAULO GUERETA/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

19/04/2021 15h03

No primeiro fim de semana da fase de transição, o estado de São Paulo manteve o isolamento da semana anterior, quando saía da fase vermelha. As taxas seguem maiores do que antes das restrições mais rígidas, mas inferiores aos índices atingidos no período emergencial.

A nova fase começou a valer no domingo (18), com reabertura do comércio em horários específicos e liberação de celebrações religiosas presenciais. Hoje (19), o comércio da capital registrou aglomerações em pontos tradicionais, embora lojistas relatem movimento inferior ao esperado.

No sábado (17), o nível de isolamento no estado ficou em 44%, enquanto no domingo chegou a 50% —como no fim de semana anterior. Na capital, índices foram de 43% e 49%, respectivamente. Os dados são do monitoramento feito pelo governo paulista junto às operadoras de telefonia móvel.

A expectativa do governo ao anunciar a fase emergencial, mais restritiva do Plano São Paulo até agora, era que os índices chegassem a 50% durante a semana, período de maior movimento, o que não ocorreu nem com o feriado prolongado na capital. A avaliação, no entanto, é que a diminuição da circulação foi decisiva para a queda nos índices.

"Temos mantido nossos índices de isolamento nas semanas que variam de 41% a 44%, mas isso impacta numa queda de circulação de pessoas de pelo menos 3 milhões de pessoas na Grande São Paulo, o que corresponde a 46% de todo o estado", declarou o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, em coletiva na semana passada.

Fase emergencial

Durante a fase emergencial, o estado voltou a ultrapassar os 50% de isolamento aos domingos e teve taxa mínima de 43% durante a semana. Com a retomada da fase vermelha, na semana passada, as taxas voltaram a cair para 41%, pouco acima do período pré-restrições.

O índice de isolamento, calculado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo), vinculado ao governo de SP, com dados das operadoras de telefonia móvel, serve como instrumento para indicar tendências e mostrar avanços, mas não é garantia do controle da pandemia.

No cálculo, é considerado "sair do isolamento" quando caso o celular fica a mais de 200 metros do local em que "dormiu" (onde ficou das 00h às 2h do dia em questão). Há outras variáveis, como viajar, ir a lugares dentro deste raio ou sair sem o aparelho.

O Centro de Contingência avalia que houve uma mudança no comportamento da população em relação ao início da pandemia, quando as taxas bateram recorde, mas diz que a diminuição da circulação tem funcionado.

"Hoje, aprendemos a lidar com a doença. Se usar máscara e com distanciamento, é possível caminhar. Então é muito difícil que o número suba e não usamos como meta. Tem mais de seis meses que está ficando a 43% e não acreditamos que vai reduzir", disse o nefrologista José Osmar Medina, ex-coordenador do Centro.

Para Paulo Menezes, atual coordenador do Centro, as quedas nos indicadores de internação são reflexo desta diminuição no movimento das pessoas.

"Vemos fotos de trens e ônibus lotados. Evidente que há circulação, mas ela é inferior ao que tínhamos antes. Essa é a comparação a ser feita. A circulação dos trabalhadores é um desafio no mundo inteiro. Os índices que conseguimos atingir, mesmo que menores [do que a meta de 50%], garantiram essa desaceleração [das internações]. Só de ter jovens circulando menos em bares, restaurantes e festas já faz muita diferença", declarou Menezes.

Segundo o comitê, o estado já está vendo as melhorias causadas pelos faseamentos vermelho e emergencial em todas as regiões, do dia 6 de março ao último sábado (17). A lotação de leitos de UTI (unidade de terapia intensiva), que estava em 92% no início de abril, chegou agora a 86%.

Fase de transição

Estas quedas foram a base para o governo paulista acatar os pedidos dos setores de comércio e serviço e retomar a flexibilização econômica do estado. A nova fase de transição liberou ontem o comércio e cultos presenciais e, a partir do próximo sábado (24), deverá liberar também academias, cabeleireiros, parques, atividades culturais e restaurantes —o que deve aumentar significativamente a circulação de pessoas no estado.

"Se nós não tivéssemos implementado essa fase de transição, provavelmente no transcorrer da próxima semana algumas regiões do estado estariam passando para a fase laranja. Provavelmente a Região Metropolitana [de SP] e possíveis outras regiões", justificou João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro, ao anunciar as mudanças, na sexta.

Apesar da queda de ocupações, São Paulo bateu o marca de 1.000 mortos por covid em 24 horas três vezes só na semana passada. A média de mortos dos últimos sete dias está em 776 óbitos/dia, de acordo com o consórcio de imprensa que o UOL faz parte.