SP: Comércio reabre com filas, contagem regressiva e aglomeração
O comércio popular amanheceu quente, apesar do chuvisco e do clima nublado no primeiro dia útil da fase de transição da quarentena na cidade de São Paulo. As regiões da rua 25 de Março e do Brás, no centro da capital, tiveram grande movimentação.
Na 25 e adjacentes, antes das 11h, horário permitido pelo governo paulista para abertura de shoppings, galerias e comércios de rua, já havia lojas com portões abertos. Algumas das que estavam com as portas fechadas tinham vendedores do lado de fora instigando a clientela.
Entre os vendedores ambulantes, alguns faziam contagem regressiva para o horário oficial da reabertura. Para quem passava na rua, como de costume, a cada metro era oferecido algum produto, como roupa, ou serviço, como conserto de celular.
Em grandes lojas da região, a ocupação máxima permitida, de 25%, ficou longe de ser respeitada. Em galerias comerciais conhecidas do centro, a situação era igual. Havia filas longas do lado de fora, que davam a volta no quarteirão.
Nos portões de entrada dos estabelecimentos, seguranças mediam a temperatura no pulso dos compradores, ofereciam uma borrifada de álcool 70% nas mãos e liberavam a entrada. Dentro das lojas, compradores se espremiam entre brinquedos, roupas e produtos eletrônicos.
A cabeleireira Vânia Pinto, 42, que foi a uma dessas grandes lojas da rua 25 de Março comprar produtos estéticos, disse que nas últimas semanas ficou sem poder oferecer alguns serviços, mas não deixou de trabalhar.
"Meu salão é na garagem da casa que eu alugo, aqui perto. Estou com dois meses do aluguel atrasado, então, não parei no último mês. Era para ter pago o aluguel dia 15, não consegui. Vindo aqui comprar os esmaltes, consigo oferecer mais coisas para as minhas clientes", disse.
Já na região do Brás, apesar de as lojas também terem reaberto, o movimento era um pouco menor do que o de costume. A principal fila que se via no bairro era a da entrada do restaurante Bom Prato, que fornece alimento à população por um preço mais acessível.
A lojista Maria Fernanda Coelho, 36, que vende chinelos na rua Maria Marcolina, diz que baixou os preços dos produtos para tentar chamar a atenção de quem passa pelo bairro. "Trabalhamos eu e minha irmã aqui. É nosso sustento. A gente torce para que nos próximos dias a rua volte a encher pra gente melhorar a situação", disse.
Apesar de o Brasil estar no pico da pandemia do coronavírus, a lojista disse não ter mais como priorizar a saúde. "Dentro ou fora de casa, todo mundo já pegou ou vai pegar [o vírus]. Todo mundo tem que sair um pouco de casa. Numa ida ao mercado, farmácia ou caminhada, você também se arrisca. Você falando comigo também está se arriscando. Então, não tem como parar [de trabalhar]", afirmou.
Na região central de São Paulo, a Estação da Luz da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) teve um movimento bastante intenso de passageiros.
Fase de transição
O governo de São Paulo, sob a gestão de João Doria (PSDB), criou uma nova fase do plano de flexibilização da quarentena por causa da covid-19, entre a vermelha e a laranja, e permitiu a abertura de estabelecimentos comerciais e atividades religiosas, mas em horários reduzidos de funcionamento.
Durante essa fase de transição, shoppings e lojas de ruas, que antes só tinham autorização para abrir a partir da fase laranja, agora vão poder operar. Apesar da flexibilização, o governo manteve o toque de recolher das 20h às 5h.
Horários de funcionamento
- Os shoppings e comércios de rua podem funcionar das 11h às 19h, com 25% da capacidade total. As atividades religiosas, como cultos e missas, devem respeitar o distanciamento social e ter controle de acesso dos fiéis.
- Restaurantes e lanchonetes, salões de beleza e cabeleireiros, cinemas, teatros, museus, eventos e convenções estarão autorizados para atendimento presencial a partir do dia 24 de abril, das 11h às 19h, com 25% da capacidade total. Os parques serão reabertos também no dia 24, mas o horário de funcionamento ainda não foi divulgado.
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