Ato pró-Bolsonaro deve piorar números da covid em SP, diz chefe de comitê
As manifestações em defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e contra medidas de restrição, que juntaram milhares de pessoas em diferentes cidades do Brasil ontem, devem aumentar os índices de contaminação por covid-19 e piorar o cenário da pandemia. Essa é a análise do coordenador do Centro de Contingência ao Coronavírus em São Paulo, Paulo Menezes.
O médico e pesquisador da Universidade de São Paulo viu com receio as aglomerações registradas ontem na avenida Paulista, onde apoiadores de Bolsonaro se juntaram em trios elétricos para defender o capitão reformado e pedir intervenção militar. Para ele, os atos podem impactar os índices de todo país.
"A situação em São Paulo vem melhorando, mas, nas últimas semanas tivemos uma retomada de atividades não essenciais, principalmente comércio e serviços, com um aumento de circulação de pessoas. Isso foi planejado, mas já é motivo de acompanhamento próximo pela possibilidade de interrupção da melhora dos índices", explicou ao UOL.
Juntar centenas de pessoas sem máscara de diferentes regiões, mesmo em ambiente aberto, vai contra todas orientações das entidades de saúde. "Agora, com a manifestação, que certamente recebeu pessoas de várias regiões do estado, de outras cidades, é alto potencial de ter impacto negativo nos dados de contaminações, internações e mortes", concluiu Menezes.
Os números de novos casos diários, novas mortes e internações estão caindo no estado, apesar de algumas regiões ainda estarem em situação alarmante.
Com mais de 78% de ocupação dos leitos de UTI no estado, o governo de São Paulo anunciou uma "fase de transição" de reabertura gradual do comércio.
São milhares de pessoas aglomeradas, muitas delas sem máscara, e são em grande maioria pessoas que não acreditam nas medidas de distanciamento social, não acreditam na gravidade da doença e acreditam em tratamentos ineficazes. É uma combinação extremamente perigosa. É possível ter um efeito negativo Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência ao Coronavírus em São Paulo
Apesar da melhora nos dados, Menezes chama a atenção para a gravidade do quadro atual. "É mais um fator para aumentar a transmissão do vírus. Ainda temos um grau de transmissão alto, com número de casos ainda alto. Mais de 20 mil pessoas internadas no estado de São Paulo. Essas aglomerações vistas ontem aumentam a possibilidade da transmissão crescer".
Atos foram marcados por pedido de intervenção militar
Os apoiadores do presidente foram às ruas em ao menos 11 estados e no Distrito Federal, onde o próprio presidente acompanhou de helicóptero. Entre as pautas defendidas estavam ofensas a governadores e a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), pedidos e "autorizações" de medidas antidemocráticas e alguns dos pontos mais defendidos pelo governo, como crítica às medidas de isolamento social para conter a pandemia, como recomendam autoridades de saúde.
Com o chamado "Eu Autorizo Presidente", bolsonaristas organizaram atos em diferentes pontos do Brasil em suporte ao governo, que enfrenta críticas pela condução na pandemia do novo coronavírus.
O nome das manifestações foi uma resposta ao chefe do Executivo, que disse que aguardava "uma sinalização" dos brasileiros para "tomar providências" contra medidas de restrição de circulação decretadas por governadores e prefeitos contra a covid-19.
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