China vai liberar insumos para 16,6 mi de doses de vacinas, diz embaixador
O embaixador da China em Brasília, Yang Wanming, disse hoje que a China vai liberar ao Brasil lotes de IFA (ingrediente farmacêutico ativo), o insumo para vacinas contra a covid-19, suficientes para produzir 16,6 milhões de imunizantes contra o novo coronavírus.
"Na conversa com o Fórum dos Governadores (realizada hoje), informei a liberação dos novos lotes de IFA para produzir, no total, 16,6 milhões de doses da CoronaVac e [da] vacina [da] AstraZeneca, que chegarão no Brasil nos próximos dias", anunciou no Twitter.
Contatados pelo UOL, tanto a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) como o Instituto Butantan disseram que não possuem previsão de chegada de novos lotes de insumos para vacinas contra o novo coronavírus, além do que já fora anunciado nesta semana. Portanto, a quantidade de IFA divulgada pelo embaixador deve ser utilizada nos cerca de 17 milhões de doses a serem envasadas pelas duas instituições.
Na última segunda-feira (17), a Fiocruz disse que, no próximo sábado (22), deve receber lotes de insumos suficientes para produzir 12 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, quantidade menor que as 18 milhões anunciadas pelo Ministério da Saúde no mesmo dia, mais cedo.
Já na última terça-feira (18), o Instituto Butantan afirmou que o governo chinês o comunicou que vai enviar 3 mil litros de insumos para a CoronaVac, quantidade suficiente para envasar 5 milhões de doses do imunizante. O lote deve chegar na próxima terça-feira (25).
A previsão de IFA para a CoronaVac é, porém, aquém do esperado: antes do anúncio da última terça-feira, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que aguardava receber 4 mil litros de insumos, o que possibilitaria produzir 7 milhões de doses.
O diplomata não esclareceu quantos litros de insumos o Instituto Butantan, que envasa a CoronaVac, e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que envasa a vacina desenvolvida pela farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca, receberiam separadamente.
Questões políticas
Complementando o post no Twitter, Yang Wanming publicou uma captura de tela ao lado dos quatro governadores que participaram da reunião: Wellington Dias (PT), do Piauí; João Doria, de SP; Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão; e Waldez Góes (PDT), do Amapá.
Em nota emitida após o encontro, o governo de SP disse que Doria pediu ajuda ao embaixador para que não ocorra mais atrasos nas entregas de insumos e propôs acordos entre o Fórum de Governadores e laboratórios chineses para a compra de mais vacinas do país asiático.
Doria aponta o governo federal, especialmente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), pela dificuldade para a importação de insumos para vacinas contra a covid-19, atrasando o cronograma de entregas de doses ao PNI (Programa Nacional de Imunização).
No início do mês, Bolsonaro citou uma teoria já descartada pela OMS (Organização Mundial de Saúde), de que o novo coronavírus, descoberto na China, teria sido criado em um laboratório, e falou em "guerra química".
Segundo a coluna do jornalista Chico Alves no UOL, durante a reunião, Yang Wanming negou aos governadores que a demora na liberação de matéria-prima para vacinas tenha a ver com questões políticas, mas, sim, com a grande demanda de outros países.
Ainda sim, o embaixador disse que "é necessário que o ambiente de boa relação entre Brasil e China seja nutrido" e que exista um ambiente político de reconhecimento mútuo, mas valorizou o papel que os governadores têm feito nesse sentido.
Em vídeo, Wellington Dias, que também preside o Fórum dos Governadores, disse que a reunião serviu para estreitar os laços dos gestores com os chineses, "estabelecendo o compromisso de ampliar a relação de respeito comercial e de investimento" com o país asiático.
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