Com chegada de insumos, Butantan diz que retoma hoje produção da CoronaVac
O Instituto Butantan deve retomar hoje a produção de mais doses da vacina CoronaVac, que protege contra a covid-19. Após atraso no envio de insumos da China, o governo estadual anunciou que novas remessas partiram de Pequim ontem e devem desembarcar nesta tarde, em São Paulo.
O tempo de produção da vacina é de 15 a 20 dias —portanto, apenas a partir deste período é que as doses prontas do imunizante serão enviadas para os estados.
Ao todo, 3.000 litros de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) foram enviados pelo laboratório Sinovac Biotech. Essa quantidade é suficiente para produzir cerca de 5 milhões de doses, de acordo com o instituto. O contrato com o Butantan prevê ainda a entrega de mais 15 mil litros de insumos nas próximas semanas.
Sem IFA desde o começo do mês, o Butantan está com as máquinas desligadas. A última entrega para distribuição aos estados pelo Ministério da Saúde ocorreu no dia 14 de maio.
Por causa da falta de CoronaVac, estados chegaram a interromper a aplicação da segunda dose. O intervalo entre as doses deve ser de quatro semanas, mas autoridades em Saúde recomendam a tomar a segunda aplicação, mesmo depois deste prazo.
Entrega aos estados dentro de 15 a 20 dias
Com a matéria-prima nos refrigeradores paulistas, os cientistas vão começar o processo de envase, rotulagem, embalagem e controle de qualidade da vacina. O governo de São Paulo informa que as próximas entregas para o Ministério da Saúde estão programadas para daqui 15 a 20 dias.
O Butantan e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), únicos laboratórios produtores de vacinas contra o coronavírus no Brasil, dependem diretamente da China para fabricar as vacinas já que a tecnologia necessária para desenvolver os imunizantes aplicados no país só existe lá.
Os dois laboratórios querem fabricar os insumos em solo brasileiro no futuro. O governo paulista está construindo um laboratório para isso, com previsão de término das obras para setembro deste ano.
Correria por insumos
Desde semana passada, a movimentação do governo de São Paulo e do Butantan foi intensa para que os chineses se comprometessem a enviar os insumos da vacina o quanto antes, após terem desmarcado os últimos prazos sem dar explicações.
Essa ausência de justificativa levou a mais uma briga política entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que acusou diversas vezes o presidente de ter causado um problema diplomático com a China.
Bolsonaro voltou a atacar o país asiático, citando que o novo coronavírus, descoberto na China, teria sido criado em um laboratório, e falou em "guerra química". Essa teoria já descartada pela OMS (Organização Mundial de Saúde).
Já o governo federal, por meio do Ministério das Relações Exteriores, disse que esse atraso se deu pela alta demanda de vacinas da China. O mesmo argumento foi usado pelo embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, aos governadores em uma reunião na semana passada, segundo apuração do colunista do UOL Chico Alves.
O embaixador afirmou também que "é necessário que o ambiente de boa relação entre Brasil e China seja nutrido" e que exista um ambiente político de reconhecimento mútuo.
Na ocasião, Wanming prometeu que a China liberaria tanto ao Butantan quanto à Fiocruz insumos suficientes para produzir 16,6 milhões de doses "nos próximos dias".
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