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Sem matéria-prima, Butantan diz que vai parar produção da CoronaVac amanhã

Funcionários pegam ampolas da CoronaVac no centro de produção do Instituto Butantan, em São Paulo - Amanda Perobelli/Reuters
Funcionários pegam ampolas da CoronaVac no centro de produção do Instituto Butantan, em São Paulo Imagem: Amanda Perobelli/Reuters

Beatriz Gomes

Do UOL, em São Paulo*

13/05/2021 11h34Atualizada em 13/05/2021 14h34

O Instituto Butantan informou hoje que irá parar a produção da CoronaVac, vacina contra a covid, amanhã em razão da falta de matéria-prima para a produção do imunizante. O Instituto explicou, através de nota enviada ao UOL, que o IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) recebido no dia 19 de abril já foi completamente processado e que "a produção será retomada assim que mais insumos chegarem".

De acordo com o Instituto, "não há qualquer entrave relativo à disponibilização de IFA ao Butantan por parte da biofarmacêutica Sinovac", laboratório chinês responsável pelo desenvolvimento do imunizante. Pelas contas do governo estadual, a quantidade de insumo a ser enviado pela China é suficiente para produzir 18 milhões de doses de vacina.

Apesar disso, o produtor brasileiro das doses de CoronaVac declarou que espera autorização do governo chinês para a liberação das demais matérias-primas e apontou que questões diplomáticas entre os dois países podem estar interferindo no envio dos insumos necessários para a produção.

"O Butantan aguarda autorização do governo chinês para a liberação de mais matéria-prima necessária para a produção da vacina. Questões referentes à relação diplomática Brasil x China podem, sim, estar interferindo diretamente no cronograma de liberação de novos lotes de insumos."

Ainda segundo o Instituto Butantan, já foram distribuídas 46,112 milhões de doses ao PNI (Programa Nacional de Imunizações) do Ministério da Saúde. O produtor ainda informou que amanhã serão entregues mais de 1,1 milhão de doses do imunizante para a pasta, sendo este o último lote de imunizante produzido com o estoque de compostos recebidos da China.

Sem previsão

Ontem, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que não há prazo para chegada de insumos para produção da vacina CoronaVac, contra covid-19, no Brasil. Covas se reuniu ontem pela manhã com representantes da farmacêutica Sinovac Biotech, que desenvolve a vacina na China, e com representantes da embaixada brasileira em Pequim.

O prazo inicial era de que os insumos fossem liberados hoje da China e chegassem ao território brasileiro no próximo dia 18, conforme já anunciado pelo governo estadual. Mas, segundo o presidente do Butantan, os chineses desmarcaram essa data e não deram um novo prazo.

Até o final da semana passada, existia a perspectiva de autorização da exportação até o dia 13 e na reunião diária do dia de hoje [foi dito que] essa previsão não vai se cumprir. Portanto, nós não temos data nesse momento prevista para essa autorização. Estamos aguardando, ela pode acontecer a qualquer momento mas, neste momento, não há essa previsão.
Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan

Doria critica o Governo Federal

Ainda no dia de ontem, o governador do estado de São Paulo, João Doria (PSDB), embasou a sua versão dizendo que outros países estão recebendo os insumos, menos o Brasil. "O Butantan é o segundo maior cliente da Sinovac, só perde para o próprio governo da China. Não há nenhuma razão para que a Sinovac não queira fornecer para o seu segundo maior cliente do mundo", declarou.

O governador também publicou um texto, no Twitter, lamentando o que chama de "declarações desastrosas feitas por membros do governo federal sobre a China".

O Governo Federal, por outro lado, afasta essa possibilidade e diz que a China está sobrecarregada com o envio para outros países. Em nota enviada anteontem ao UOL, o Ministério das Relações Exteriores afastou a possibilidade das ilações feitas pelo presidente contra a China estarem atrasando a liberação dos insumos.

*Com informações de Leonardo Martins, Rafael Bragança e Henrique Sales Barros