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UFMG já identificou 68 bebês nascidos com anticorpos para covid-19

Pesquisa da UFMG utiliza o teste do pezinho para identificar exposição ao Sars-Cov-2 durante a gestação - Nupad/Faculdade de Medicina da UFMG
Pesquisa da UFMG utiliza o teste do pezinho para identificar exposição ao Sars-Cov-2 durante a gestação Imagem: Nupad/Faculdade de Medicina da UFMG

Andréia Martins

Do UOL, em São Paulo

26/05/2021 15h25Atualizada em 26/05/2021 15h31

Um estudo da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) identificou 68 bebês nascidos com anticorpos para covid-19. Resultados preliminares mostraram que a maioria das mães que se infectaram pelo Sars-Cov-2 durante a gestação podem passar anticorpos para os bebês por meio da transferência placentária.

No Brasil, casos de bebês que nasceram com anticorpos já haviam sido reportados no Acre (caso em que a mãe não havia sido infectada pela covid-19) e em Santa Catarina (caso em que a mãe havia sido vacinada). No entanto, o tema ainda levanta dúvidas, como o tempo de duração da proteção. Essa é uma das perguntas que o estudo mineiro procura responder.

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A pesquisa utiliza o teste do pezinho e testagem das mães para identificar a infecção. Até agora foram testadas 506 mães e bebês. O objetivo é chegar a 4 mil mães testadas nos cinco municípios participantes da pesquisa: Uberlândia, Contagem, Itabirito, Ipatinga e Nova Lima.

"A confirmação da passagem de anticorpos da mãe para o bebê durante a gravidez pode ajudar a planejar o momento ideal para vacinação dos bebês contra a covid. Em outras infecções, como no sarampo por exemplo, já se sabe que os anticorpos maternos reduzem a eficácia da vacina contra sarampo, e por isso ela é feita mais tardiamente", diz a professora do departamento de pediatria da faculdade, Cláudia Lindgren.

Os casos positivos serão acompanhados por dois anos, para avaliar se haverá consequências da infecção das mães para o desenvolvimento das crianças. Um grupo de controle, com mães e bebês com resultados negativos, também será acompanhado.

Nenhuma das mães participantes do estudo havia sido vacinada para covid-19. Os municípios participantes foram escolhidos com base em critérios como a taxa de prevalência de covid-19, o número de nascimentos por mês e a existência de rede de apoio para eventual necessidade de reabilitação das crianças com alterações nos testes de neurodesenvolvimento.

Casos assintomáticos

O que chamou atenção dos pesquisadores foi a proporção de casos de mães assintomáticas e que, ainda assim, passaram anticorpos para os fetos. Na pesquisa em Minas Gerais o número chegou a 40%.

"Outros estudos já mostraram a presença de anticorpos no bebê, mas a maioria deles investigou a transferência de anticorpos após as manifestações da covid na mãe. Nesta pesquisa, estamos testando todas as mães e bebês, independente delas terem apresentado qualquer sintoma da doença durante a gravidez, porque sabemos que cerca de 80% das infecções são assintomáticas", explica a professora, que cita o zika, rubéola e HIV como vírus que permanecem "ocultos" no organismo por bastante tempo.

"Temos a hipótese que, à semelhança de outras infecções virais durante a gravidez, o Sars-Cov-2 pode trazer repercussão futura", diz Lindgren.

O estudo conta com parceria do Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad), da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG) e da Universidade Federal de Uberlândia.