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Isolamento estável e vacina reduzem impacto de feriado em SP, avalia Comitê

28.abr.2021 - Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo, durante entrevista coletiva na sede do Instituto Butantan - Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
28.abr.2021 - Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência do coronavírus em São Paulo, durante entrevista coletiva na sede do Instituto Butantan Imagem: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

03/06/2021 12h44

O feriado estendido de Corpus Christi não deverá ter o mesmo impacto dos outros feriadões neste ano em São Paulo. Segundo o Centro de Contingência do Coronavírus, o período, que começa hoje, segue de atenção, mas não é visto como um possível ponto de mudança no curso da pandemia.

As duas razões principais estão em espectros diferentes: de um lado, há o fator positivo do aumento expressivo da vacinação em relação a Carnaval e Páscoa, do outro, a notícia ruim é que o isolamento social tem se mantido estável no estado - para baixo.

"Nas últimas semanas, o isolamento tem se mantido na faixa dos 40% e aumentado nos fins de semana. Está abaixo do ideal, mas está estável. Então, não deverá ter muita mudança no feriado. É diferente do Carnaval, que estávamos em outra situação", explica o epidemiologista Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência.

Nas últimas três semanas, o índice de isolamento medido pelo governo de São Paulo tem se mantido entre 39% e 41% em dias úteis e 43% a 48% em finais de semana, taxas inferiores os períodos mais restritivos do Plano São Paulo, entre março e abril quando ultrapassava 50%.

Além disso, muitas cidades, como a capital, que concentra quase um quarto da população do estado, anteciparam os feriados, o que reduz a preocupação com grandes viagens.

A avaliação também passa pela hipótese de que, diferente do Carnaval e da Páscoa, no Corpus Christi não há uma tradição tão grande de reuniões.

"O Carnaval é o Carnaval, e na Páscoa e no Dia das Mães, as pessoas se encontram, reúnem a família. Agora, a gente avalia que não terá o mesmo efeito", afirma Menezes.

O outro ponto, dessa vez positivo, é que a vacinação avançou no estado. No Carnaval, o primeiro grupo, de linha de frente, tinha acabado de tomar segunda dose e idosos de 90 anos ou mais ainda estavam tomando a primeira.

Agora, o estado já vacinou todos os idosos acima de 60 anos e já está na faixa dos 30 anos ou mais para quem tem comorbidades.

"Isso impacta diretamente nas mortes pela doença. Os principais grupos de risco estão protegidos. O que não significa que a pandemia acabou para eles, evidentemente", afirma o epidemiologista.

Óbitos estão em alta e proibição a aglomerações segue

São Paulo voltou a apresentar aumento em todos os principais indicadores nas últimas semanas.

Desde o começo de abril, a média móvel de óbitos —calculada com base nos sete dias anteriores— vinha em estabilidade. Na penúltima semana de maio, a curva mudou de tendência, voltou a subir e registrou um aumento de 9% nas mortes em relação à semana anterior.

Apesar de o feriado não assustar os especialistas, as recomendações para evitar grandes reuniões e festas segue. Na fase atual do Plano São Paulo, eventos com aglomerações estão proibidos.

"Se muitas pessoas viajarem, fizerem festa, desrespeitarem os protocolos, aí vai acontecer [explosão de casos por causa do feriado], mas, se evitarem este tipo de reunião, acreditamos que se manterá controlado", afirma Menezes.