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Virologista nega ter sugerido "gabinete paralelo" da covid ao Planalto

O virologista Paolo Zanotto, em reunião no Palácio do Planalto - Reprodução
O virologista Paolo Zanotto, em reunião no Palácio do Planalto Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

05/06/2021 11h56

O virologista Paolo Zanotto negou ter sugerido a criação de um gabinete paralelo do Ministério da Saúde. Ele aparece em vídeo de uma reunião sugerindo a criação de um "shadow board" ("gabinete das sombras", em tradução livre) ao governo federal no ano passado.

Em entrevista à GloboNews ontem, Zanotto argumentou que sua sugestão, revelada em vídeo, era criar um comitê com especialistas para auxiliar o Ministério da Saúde "de forma independente". Ele negou a existência do chamado "gabinete paralelo", investigado pela CPI da Covid.

"Estão confundindo 'shadow cabinet' com 'gabinete paralelo'. [...] Não era algo para ser feito à revelia, escondido. Muito pelo contrário, usei da expressão no sentido inglês da palavra. Se cria um comitê de imunologistas e de vacinologistas para auxiliar, de forma independente, o Ministério da Saúde na escolha de vacinas", afirmou o virologista.

Zanotto se refere a um vídeo de uma reunião no Palácio do Planalto, divulgado inicialmente pelo portal Metrópoles, em que ele diz que "talvez seja importante montar um grupo" que ajudasse o Ministério da Saúde na pandemia.

"Até enviei uma mensagem ao Executivo", diz Zanotto. Segundo o Metrópoles, essa reunião teria ocorrido em setembro do ano passado.

À GloboNews, o virologista disse ainda que o "shadow board" foi apenas uma expressão de linguagem e uma sugestão. Ele diz nunca ter tido conhecimento de um gabinete paralelo de fato.

"Para ser, de fato, um 'gabinete paralelo', você precisa ter, no mínimo, uma continuidade de atuação e uma montagem dele. Todas as colocações feitas não foram ouvidas", disse.

A existência de um gabinete que comandava paralelamente as decisões do Ministério da Saúde no combate à pandemia, com propostas sem embasamento científico, é uma hipótese que tem sido cada vez mais considerada pela CPI da Covid.

Entre as prioridades do grupo estaria o incentivo ao chamado "tratamento precoce", que usa cloroquina e outros medicamentos com ineficácia já comprovada no combate à covid exatamente para combater a covid. Um dos comandantes deste gabinete seria o deputado federal e ex-ministro Osmar Terra (MDB-RS), médico e defensor de tratamentos sem evidência científica.

Zanotto negou conhecimento sobre o grupo. "Não existe esse gabinete paralelo. Se existisse isso, esse grupo teria conseguido atingir os propósitos, que era, por exemplo, melhorar a qualidade do tratamento das pessoas, disponibilizar fármacos na farmácia popular, evitar que as pessoas fossem tratadas só na hora que elas fossem internadas", disse.