Vecina critica aglomeração em motociata e teme aumento de casos de covid-19
O ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto criticou hoje, em participação no UOL News, as aglomerações vistas durante a motociata em São Paulo com a presença do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no último sábado (12).
De acordo com Vecina, o evento pode ter interferência no número de casos de covid-19 em São Paulo, ainda mais em uma época do ano em que doenças respiratórias costumam ser mais comuns.
"É triste, mas era uma pedra cantada. A epidemia deve recrudescer em função de que a gente está negando a probabilidade de fazer isolamento social", disse, antes de comentar especificamente sobre a motociata que mobilizou milhares de pessoas no último sábado.
Veja o que nosso presidente fez no sábado com a motociata. Naquela motociata, com certeza vamos ter casos que não existiriam caso não houvesse aquela bruta aglomeração. Era em ar aberto, grandes chances de dispersão, mas era muita gente aglomerada, e essa gente se encontrou, participou do ato e depois foi a algum lugar junto
Gonzalo Vecina Neto, ex-presidente da Anvisa e médico sanitarista
Vecina ainda demonstrou preocupação com a situação da pandemia no Brasil às vésperas do início do inverno. Ele disse esperar que não haja uma explosão de novos casos de covid-19.
"A probabilidade de maior disseminação desta pandemia é maior nos países que estão passando por essa onda de frio porque tendemos a ficar em lugares mais fechados com menor ventilação. Essa doença se beneficia destas condições. O esperado é aumentar o número de casos, espero que não seja explosão, mas vai aumentar o número de casos", disse.
Para o ex-presidente da Anvisa, o avanço da vacinação pode servir de alento ao final do inverno. O estado de São Paulo, por exemplo, anunciou ontem que pretende vacinar toda a população adulta com pelo menos a 1ª dose até o dia 15 de setembro.
"Quanto mais próximo formos chegando em setembro, menor o número de casos, observando a experiência dos países que chegaram a esse ponto. Se chegarmos até lá com toda a população imunizada [com a primeira dose], teremos uma queda no número de casos como tivemos em Serrana [cidade que passou por teste da CoronaVac com a imunização da população]. Mas isso não significa que estaremos ganhando passaporte, devemos continuar usando máscara e fazendo isolamento social", disse.
Antecipação da vacinação
Vecina ainda disse que a antecipação do calendário da vacinação em São Paulo, anunciada pelo governador João Doria (PSDB) ontem, deve ocorrer de forma semelhantes em todo o Brasil, uma vez que o Ministério da Saúde distribui as doses de forma proporcional. Doria prometeu vacinar com a 1ª dose todos os adultos do estado até o dia 15 de setembro.
"Todos os estados devem provavelmente ter uma situação semelhante a de São Paulo. Essa antecipação acontecerá no Brasil inteiro porque todos receberão uma parte destas doses adicionais", disse.
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