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Vacinados são só 3,7% de mortos por covid no país após início da imunização

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

09/08/2021 07h00

Pelo menos 9.878 brasileiros que morreram por covid-19 no Brasil já haviam tomado as duas doses da vacina ou a aplicação única do imunizante da Janssen, revela pesquisa da Info Tracker, plataforma de monitoramento da pandemia das universidades estaduais USP e Unesp.

O levantamento usou dados no Ministério da Saúde e analisou os casos ocorridos entre 28 de fevereiro, quando as primeiras pessoas no Brasil concluíram a janela de imunização, e 27 de julho. Os quase 10 mil mortos equivalem a 3,68% do total de óbitos por covid no período.

Apesar dessas mortes por covid-19, a vacinação ainda é a melhor forma de controlar a doença. Nenhum dos imunizantes contra o coronavírus até hoje desenvolvidos garante 100% de proteção, mas todos reduzem drasticamente as chances de internações, casos graves e mortes pela doença.

Na cidade de Serrana (SP), a vacinação de toda população adulta com a CoronaVac derrubou as internações em 86% e as mortes em 95% após a segunda dose. O mesmo experimento em Botucatu (SP) com a AstraZeneca reduziu as internações em 75% e as mortes em 39% após a primeira dose. A segunda começou a ser aplicada no último domingo (8).

Segundo o levantamento do Info Tracker, outras 28.660 pessoas vacinadas foram internadas. O número representa quase 3% do mais de um milhão de casos registrados.

Idosos são principais vítimas

Os idosos com mais de 70 anos são as principais vítimas, diz a pesquisa: 8.734 pessoas que morreram nessa idade por covid e 23 mil que foram internadas já tinham recebido as duas doses.

Mortes por faixa etária  após imunização completa - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Além de possuir imunidade menor, esse público completou primeiro o ciclo de vacinação e, por isso, há mais informações sobre esta faixa etária no site do governo.

A constatação reforça a necessidade de que idosos e pessoas de seu convívio mantenham distanciamento social e usem máscara mesmo após a imunização completa.

O levantamento não levou em consideração o tipo de vacina porque o campo com essa informação nem sempre é preenchido.

Internações por faixa etária  após imunização completa -  -

"Para respeitar o tempo que o corpo precisa para desenvolver anticorpos após as duas doses ou dose única, nosso cálculo contabilizou as internações e óbitos ocorridos após 18 dias da segunda dose: 15 dias depois da aplicação e mais três para o surgimento dos sintomas", afirma Wallace Casaca, um dos coordenadores da plataforma.

22 mil mortos após 1ª dose

Idosos internados - Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress - Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress
Movimentação em ala destinada à covid-19 em hospital em Londrina. Idosos também são internados mais frequentemente mesmo após duas doses da vacina
Imagem: Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress

Entre aqueles que receberam apenas a primeira das duas doses necessárias, 65 mil pessoas foram internadas e 22 mil morreram por covid-19.

Diretor clínico do hospital Igesp (Instituto de Gastroenterologia de São Paulo), o infectologista Marco Antonio Cyrillo diz que os imunizantes seguem como "a melhor forma de controlar a doença", e explica as razões para a mortalidade maior entre idosos.

Ele afirma que a produção de anticorpos no ser humano é alta dos 12 aos 45 anos, mas que "depois dos 45 ela começa a cair".

"Além de os idosos produzirem menos anticorpos, eles são menos potentes", diz. "Some-se a isso as doenças de base. Idosos costumam ter problemas de coração, pulmão, diabete, alterações intestinais e no rim, às vezes tumores. Isso tudo reduz a imunidade."

O especialista defende o uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento social a todos que receberam a imunização completa, especialmente os idosos.

"Nenhuma sociedade médica lançou documento dizendo que após a segunda pode-se abrir mão dessas proteções individuais. Temos de continuar seguindo as recomendações, independentemente da idade, mas principalmente entre os idosos", diz.

A vacinação ainda é a melhor forma de controlar a doença e evitar mortes."
Marco Antonio Cyrillo, infectologista