Queiroga diz que AstraZeneca 'funciona' e cita Pfizer, mas ignora CoronaVac
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, elogiou hoje a vacina contra a covid-19 da AstraZeneca, produzida em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e comemorou o acordo da Pfizer com a Eurofarma para produção de sua vacina no Brasil. Ele não fez menção à CoronaVac, do Instituto Butantan, que representa mais de um terço (34,4%) das vacinas aplicadas no país.
"Os dois pilares da nossa campanha de vacinação: um, a transferência de tecnologia que o governo Bolsonaro propiciou entre a AstraZeneca e a Fiocruz, e a Fiocruz vai produzir vacinas que funcionam de verdade. E [o segundo pilar é] a Pfizer, que é uma parceria entre entes privados. O governo criou esse ambiente favorável", disse Queiroga durante a live do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Nem o ministro, nem Bolsonaro usavam máscara na transmissão.
Em dois meses, tivemos 60% de redução nos casos de covid-19 e 50% de redução no número de óbitos. O ambiente de negócios do Brasil no seu governo, um governo conservador nos costumes e liberal em relação à economia, propiciou à Pfizer fazer uma parceria com a Eurofarma para produzir vacinas aqui no nosso país, para produzir para o mercado interno e exportar para toda América Latina.
Marcelo Queiroga, ministro da Saúde
Mais cedo, em pronunciamento no Ministério da Saúde, Queiroga já havia atribuído a parceria da Pfizer com a Eurofarma ao suposto caráter "liberal" do governo, que, acrescentou, deixa a iniciativa privada "trabalhar".
"Por que a Pfizer vir pro Brasil? Porque é inteligente e sabe que nesse país tem governo liberal, governo que respeita a legislação e quer participar de áreas fundamentais, como saúde e educação", elogiou o ministro.
CoronaVac "excluída"
Ignorada hoje por Queiroga e atacada sempre por Bolsonaro, a CoronaVac também foi excluída pelo Ministério da Saúde da campanha para aplicação de uma dose de reforço das vacinas contra a covid-19. Mais cedo, o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, classificou a decisão como "abominável".
"Não existe motivo nenhum, de nenhuma discussão política. Nesse momento, discussão política em cima de vacina é algo abominável", lamentou Gorinchteyn à CNN Brasil.
Produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, a CoronaVac foi responsável não apenas por dar início à campanha, em janeiro deste ano, como hoje representa cerca de um terço das doses aplicadas no país, segundo dados do próprio Ministério da Saúde.
Em relação às vacinas que "funcionam", isso vale para todas as disponíveis hoje nos postos de saúde. As vacinas aplicadas hoje no Brasil para combater o coronavírus tiveram sua eficácia e efetividade comprovadas após inúmeros testes feitos com rigor científico e foram aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), embora apresentem resultados diferentes a depender do grupo populacional em questão e da variante do vírus.
Ontem, em entrevista ao UOL News, a secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite, anunciou que a aplicação da dose de reforço no Brasil será feita "preferencialmente" com a vacina da Pfizer, mas também com qualquer outra vacina de vetor viral, como Janssen e AstraZeneca. A CoronaVac é um imunizante de vírus inativado — uma plataforma diferente.
(Com Estadão Conteúdo)
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