Bolsonaro repete mentira sobre Coronavac e questiona 'foco' em vacinas
Em discurso durante um fórum conservador em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) repetiu a mentira de que a CoronaVac, vacina contra a covid-19 aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), não tem "comprovação científica". O presidente já havia feito a mesma alegação falsa em uma live em julho. Bolsonaro também questionou o "foco" em vacinas no combate à pandemia provocada pelo coronavírus.
O uso emergencial da CoronaVac foi autorizado pela Anvisa, um órgão do governo federal, em janeiro. Pesquisas têm mostrado que a vacina é eficaz na redução de mortes por covid. O imunizante é fabricado pelo Instituto Butantan, órgão do governo de São Paulo, estado que é governado por João Doria (PSDB) — adversário político do presidente.
"Por que ficarmos apenas focados na vacina? E eu pergunto, fala-se em comprovação científica. A CoronaVac tem alguma comprovação científica?"
Presidente Jair Bolsonaro
Bolsonaro voltou a atacar a CoronaVac no mesmo dia em que a Anvisa determinou a suspensão, de forma cautelar, de ao menos 25 lotes da vacina CoronaVac envasados em local não autorizado pela agência. A decisão afeta 21 milhões de doses. O Ministério da Saúde orienta que as doses já distribuídas aos Estados não sejam aplicadas. Os lotes impactados podem ser consultados no site da agência.
O presidente ainda chamou de "protótipos de ditadores" prefeitos e governadores de cidades e estados que exigem o passaporte da vacina. Nas cidades do Rio de Janeiro e em São Paulo, por exemplo, será obrigatório tomar vacina contra a covid-19 para entrar nos estabelecimentos. As prefeituras lançaram passaportes de vacinação que deverão ser exigidos no comércio, serviços e eventos em geral.
"Alguns protótipos de ditadores no Brasil, que são alguns governadores e prefeitos, ainda querem o passaporte da vacina. É uma irresponsabilidade. O governo fez sua parte. Lamentavelmente, a política do 'fica em casa' e da truculência para destruir empregos e renda continuava forte no meio de alguns governadores, em especial os de esquerda e do 'calcinha apertada' também [em referência ao governador de São Paulo, João Doria]", declarou.
Defesa de suposto 'tratamento precoce'
Além de criticar as vacinas, Bolsonaro voltou a defender o suposto "tratamento precoce" contra a covid, com uso de cloroquina e ivermectina. Segundo ele, "foram inventados" efeitos colaterais relativos ao uso desses medicamentos. Os estudos feitos até agora mostram que não há comprovação científica sobre a eventual eficácia no tratamento precoce defendido por Bolsonaro.
A cloroquina e a hidroxicloroquina têm, sim, efeitos colaterais. Porém, variam de acordo com o organismo de cada pessoa.
Os medicamentos podem causar problemas como:
- Distúrbios de visão;
- Irritação gastrointestinal;
- Alterações cardiovasculares e neurológicas;
- Cefaleia;
- Fadiga;
- Nervosismo;
- Quem tem psoríase ou porfiria pode ter ataque agudo da doença, prurido, queda de cabelo e exantema cutâneo.
Essas drogas, de uso controlado, são usadas para tratar doenças como lúpus eritematoso sistêmico e discoide, artrite reumatoide e juvenil, doenças fotossensíveis e malária.
Devido à "publicidade" de Bolsonaro, as pessoas que realmente precisavam das drogas, como pacientes com lúpus, tiveram dificuldade para comprar, já que os estoques das farmácias esvaziaram, em meados de abril do ano passado.
A hidroxicloroquina também tem contraindicações de uso para quem: retinopatias preexistentes; alérgicos a cloroquina (raro); diagnóstico de porfiria, miastenia gravis ou arritmia; pacientes em uso de digoxina, amiodarona, verapamil ou metoprolol; hipersensibilidade conhecida aos derivados da 4-aminoquinolina e menos de seis anos de idade.
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