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SP culpa governo federal por falta de AstraZeneca e cobra 1 milhão de doses

Só na capital paulista, metade dos postos não tem vacina da AstraZeneca disponível para a segunda dose - Sebastian Castaneda/Reuters
Só na capital paulista, metade dos postos não tem vacina da AstraZeneca disponível para a segunda dose Imagem: Sebastian Castaneda/Reuters

Anaís Motta

Do UOL, em São Paulo

09/09/2021 15h43Atualizada em 09/09/2021 21h07

O governo de São Paulo responsabilizou o Ministério da Saúde pelo que chamou de "apagão" de vacinas contra a covid-19 da AstraZeneca e cobrou o envio imediato de mais 1 milhão de doses ao estado. Só na capital paulista, segundo o secretário municipal de Saúde Edson Aparecido, metade dos postos não tem AstraZeneca disponível para a segunda dose.

O primeiro pedido por mais doses foi feito ainda nesta semana, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. Um novo ofício foi enviado ao Ministério da Saúde hoje. O governo paulista diz que o prazo para aplicação dessas vacinas começou a vencer no último dia 4.

Além deste 1 milhão de doses, o estado de São Paulo ainda precisa receber cerca de 3,2 milhões de vacinas da AstraZeneca até outubro para concluir a imunização de parte da população. Deste total, 1,4 milhão precisa chegar até 20 de setembro; outro 1,27 milhão, até a primeira quinzena do mês que vem; os 465 mil restantes, até o fim de outubro.

Ainda segundo a Secretaria Estadual de Saúde, este quantitativo já havia sido solicitado há uma semana, "mas não houve resposta pelo Ministério [da Saúde] até o momento".

O não envio destas doses descumpre uma obrigação do Ministério da Saúde com as vacinas necessárias à imunização complementar das pessoas que já tomaram a primeira dose da vacina. A segunda dose é fundamental para o enfrentamento da pandemia e garantir proteção total para a população.
Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização (PEI)

Diante da falta de doses, a Secretaria Estadual de Saúde abriu a possibilidade de aplicar a vacina da Pfizer na segunda dose em quem tomou a da AstraZeneca na primeira. Para tanto, porém, também é necessário que o Ministério da Saúde envie mais doses da Pfizer ao estado para, assim, "suprir esta demanda e concluir os esquemas [vacinais]".

Saúde rebate

Procurado pelo UOL, o Ministério da Saúde negou que deva doses da AstraZeneca a São Paulo. Segundo a pasta, foram entregues ao estado 12,4 milhões de vacinas para a primeira dose e 9,2 milhões para a segunda. O restante ainda não foi enviado "porque o prazo de intervalo entre a primeira e segunda dose só se dará no final do mês".

Ainda de acordo com a Saúde, dados inseridos por São Paulo no sistema do LocalizaSUS mostram que o estado utilizou como primeira dose imunizantes destinados à segunda, o que levou à falta de vacinas para completar a imunização dos paulistas.

"As alterações nas recomendações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) acarretam na falta de doses para completar o esquema vacinal na população brasileira. Por isso, o Ministério da Saúde alerta mais uma vez para que estados e municípios sigam o Plano Nacional de Operacionalização", disse a pasta em nota.

Capital sem AstraZeneca

Mais da metade das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da cidade de São Paulo — 240 de 468 — está sem vacina da AstraZeneca para aplicação da segunda dose hoje, segundo informou hoje o secretário Edson Aparecido. O estoque atual do município é de cerca de 37 mil doses, o que não é suficiente para abastecer todas as unidades.

Ainda não há previsão de novas entregas à cidade.

"Ontem a gente conseguiu remanejar doses entre as unidades, mas hoje não dá mais", disse Aparecido.

Questionado sobre a possibilidade de aplicar uma dose da Pfizer em quem recebeu a primeira da AstraZeneca, o secretário ponderou que essa poderia ser uma saída viável se houvesse Pfizer em abundância — o que não é o caso. Isso porque é a única vacina aprovada no Brasil para uso em menores de 18 anos, que têm aderido fortemente à campanha.

(Com Estadão Conteúdo)