Salvador suspende vacinação de adolescentes sem comorbidades
Com a nova recomendação do Ministério da Saúde, Salvador (BA) suspendeu hoje a vacinação contra covid-19 de adolescentes sem comorbidades. A capital planejava abrir a imunização para o público de 17 a 14 anos.
"A vacinação segue para aqueles com comorbidades, deficiência permanente ou privados de liberdade", afirmou a Prefeitura de Salvador. Ontem à noite, a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à covid-19 publicou uma nova orientação para o grupo sem comorbidades.
Ressaltando as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) de não vacinar os adolescentes, o Ministério da Saúde falou não existir estudos suficientes para comprovar os benefícios da imunização nessa faixa etária.
Além disso, houve "redução na média móvel de casos e óbitos (queda de 60% no número de casos e queda de mais de 58% no número de óbitos por covid-19 nos últimos 60 dias) com melhora do cenário epidemiológico".
Apesar das justificativas, o posicionamento é dissonante do que havia sido previsto pelo representante da pasta, Marcelo Queiroga. Em julho, o ministro da Saúde tinha confirmado a cobertura vacinal para os adolescentes assim que todos os adultos no Brasil estivessem com a primeira dose tomada.
A decisão foi em acordo com municípios e estados, que inclusive já estavam imunizando esse público sem comorbidades, desde que cumprissem as orientações do PNI (Plano Nacional de Imunização). Com isso, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a aplicação da Pfizer para cidadãos com, pelo menos, 12 anos.
O anúncio da suspensão ocorre em meio a falta de estoque de certas vacinas em alguns pontos do Brasil, como São Paulo, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.
Recomendação da OMS
Citada pelo Ministério da Saúde, a OMS pede cautela para a vacinação de adolescentes. A diretora-geral assistente para Medicamentos e Vacinação da agência, Mariângela Simão, destacou em agosto que nenhum estudo clínico começa com crianças ou adolescentes.
"Tem que levar com cuidado, principalmente por questão de segurança. A relação de benefício em aplicar a vacina nas crianças ainda não está comprovada. Então você precisa ter mais dados, precisa ter mais estudos sobre a segurança dessas vacinas na faixa etária menor", disse à ONU (Organização das Nações Unidas) News.
Apesar dos poucos estudos com adolescentes, a OMS recomenda que, caso haja vacinação, ela seja feita com a Pfizer, como ocorria até então no Brasil. O imunizante se mostrou seguro para os menores de 16 anos, mas o órgão reforçou que os adolescentes sem comorbidades não fazem parte de grupos de risco.
"A vacina é segura e eficaz nesta população, embora aqueles que mais sofrem com a doença ainda sejam os adultos e certos grupos médicos em risco", falou a chefe da Unidade de Imunizações da OMS, Anne Lindstrom.
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