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Brasil vacina 100 mi de pessoas, mas sofre com desigualdade entre estados

Ana Paula Bimbati, Carlos Madeiro e Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Maceió

13/10/2021 20h04Atualizada em 14/10/2021 10h03

Quase metade da população brasileira recebeu duas doses ou a dose única da vacina contra a covid-19 no braço, e completou o ciclo de imunização contra a doença, que já matou mais de 600 mil pessoas no país. Até hoje, mais de 100 milhões se vacinaram completamente, segundo apontam os dados do consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL participa, coletados com as secretarias estaduais de saúde. Ao todo, 100.499.968 brasileiros receberam a segunda dose ou a dose única, o correspondente a 47,11% da população nacional.

Um contratempo histórico, contudo, persiste: a desigualdade social, que afeta esse número e faz a vacinação avançar de forma irregular entre os estados mais e menos ricos.

Dos sete estados do Norte, seis têm os índices mais baixos de vacinação completa, de acordo com os dados do consórcio. Com 25,24% da população completamente imunizada, Roraima é o que menos completou o ciclo da vacinação.

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Imagem: UOL

A diferença se ressalta quando se compara Roraima com Mato Grosso do Sul, por exemplo. Mato Grosso do Sul registra 60,53% da população imunizada — uma distância de mais de 35% no índice, conforme apontam os dados do consórcio de hoje.

Enquanto isso, o Centro-Sul dá largos passos à frente na campanha, inclusive já aplicando a dose de reforço contra a covid-19. São Paulo é o estado que mais vacinou sua população, com 61,61% da população completamente vacinada.

Os estados atrás na campanha de vacinação são desfavorecidos pelas condições geográficas e socioeconômicas —como a composição etária da população, a dificuldade de acesso a regiões e até mesmo a impossibilidade de guardar os imunizantes de forma segura, com aparelhos e refrigeração adequados.

A isso se soma uma falha na coordenação da distribuição de doses do Ministério da Saúde, na opinião de especialistas em saúde pública consultados pelo UOL. O ministério, em nota, defende-se dizendo que "a entrega de doses das vacinas covid-19 é realizada aos estados, responsáveis pela distribuição aos municípios".

Entre ontem e hoje, 541.344 pessoas tomaram a segunda dose, 228 a única e outras 235.136, a de reforço. Já são 149.950.990 brasileiros que tomaram a primeira dose até aqui, o equivalente a 70,29% da população do país. Ao todo, 2.704.019 pessoas foram vacinadas com a dose de reforço.

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Imagem: UOL

Atrasados com 2ª dose

Pelo menos 16 milhões de brasileiros estão com a segunda dose da vacina contra a covid-19 atrasada. Os dados constam no boletim epidemiológico do Ministério da Saúde publicado na última segunda-feira (11) e se referem aos números até 26 de setembro.

Para chegar a esse número de atrasados, a pasta considera o intervalo adequado para pessoas que receberam a primeira dose irem ao posto de vacinação e tomarem a segunda aplicação —para cálculo, o intervalo usado é diferente para os tipos de imunizante: 28 dias para CoronaVac e 84 dias para AstraZeneca e Pfizer (que teve, recentemente, prazo reduzido em alguns estados para 56 dias).

Em dois meses, o número de faltosos saltou 247% no país —eram 5,5 milhões, segundo o boletim de agosto.

Especialistas alertam que apenas a primeira dose de imunização produz uma baixa defesa do organismo e, para evitar riscos, é necessário completar o ciclo vacinal em todos os grupos etários.