Entidades médicas cobram posicionamento da Saúde contra 'kit covid'
A AMB (Associação Médica Brasileira), junto às sociedades de especialidades médicas que integram o CEM Covid-19 (Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19), cobrou um posicionamento contrário do Ministério da Saúde ao chamado 'kit covid'.
O uso de medicamentos comprovadamente ineficazes no tratamento da doença já foi defendido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e mesmo com as evidências científicas contrárias, ainda não foi contraindicado pelo Ministério da Saúde.
A AMB pressiona para que a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao SUS) possa publicar um relatório vetando o uso dos remédios em pacientes com coronavírus.
Segundo a associação, a comissão ainda não deliberou sobre o assunto ou iniciou uma consulta pública sobre o relatório — que foi elaborado com o auxílio de especialistas da AMB — porque em outubro uma votação sobre o assunto terminou empatada. Dois votos de representantes do Ministério da Saúde contrários ao relatório foram decisivos para o impasse.
Cabe ressaltar que o estudo que resultou no referido relatório e demonstra a ineficácia dos medicamentos no tratamento do vírus foi encomendado pelo próprio Ministério da Saúde.
"Todas as agências de saúde pública recomendam não usar cloroquina, não usar hidroxicloroquina, não usar ivermectina, não usar azitromicina. Há evidência científica que elas não funcionam e podem causar efeitos colaterais", disse Clovis Arns da Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, durante uma entrevista coletiva virtual que aconteceu na manhã de hoje.
É algo inadmissível cientificamente mais de um ano depois que o mundo inteiro científico já mostrou isso que no Brasil ainda se perca tempo para discutir isso.
Clovis Arns da Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia
Para o infectologista, o relatório deve ser aprovado pela Conitec e publicado pelo Ministério da Saúde para servir de orientação para todos os médicos do Brasil. "Devia ser tido como uma referência para o Brasil para evitar que qualquer médico que às vezes não tem tanto acesso a informação possa dizer 'esse é o documento que representa a ciência médica'".
Os médicos que participaram da coletiva de imprensa reforçaram que a vacina tem eficácia comprovada contra a covid-19 e afirmaram que o estudo será publicado de qualquer forma em uma revista científica brasileira.
Procurado pelo UOL, o Ministério da Saúde informou que "o grupo elaborador das Diretrizes Brasileiras para Tratamento Medicamentoso Ambulatorial do Paciente com Covid-19 procedeu às alterações sugeridas pelo Plenário da Conitec. O documento será encaminhado para consulta pública, pelo prazo emergencial de 10 dias, após a publicação no Diário Oficial da União."
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