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Vecina: Brasil não tem condições de acompanhar quarentena dos viajantes

Colaboração para o UOL, no Rio

08/12/2021 09h15Atualizada em 08/12/2021 11h55

O médico sanitarista e fundador da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Gonzalo Vecina criticou a medida anunciada ontem pelo Ministério da Saúde frente à variante ômicron do novo coronavírus de estabelecer apenas uma quarentena de cinco dias e realização de teste RT-PCR para os viajantes não vacinados que chegarem ao país.

No UOL News desta manhã, Vecina disse que o Brasil não teria condições de acompanhar o isolamento de quem chega ao país. Para ele, a exigência do comprovante vacinal, o chamado passaporte da vacina, é o que deveria ser adotado.

"Temos 156 pontos de entrada no Brasil, entre aeroportos, portos e fronteira seca. Temos que ter uma bruta infraestrutura para acompanhar a entrada de viajantes que ficariam em hotéis esperando os cinco dias, e para realizar ainda um exame de RT-PCR. Não consigo enxergar a possibilidade de realizar isso num tempo de pandemia", disse Vecina, à apresentadora do Canal UOL Fabíola Cidral.

Vecina explicou que a escolha por cinco dias deve ter sido feita por causa do tempo em que o vírus conseguiria se detectado por exames caso a pessoa esteja com covid-19. De acordo com o médico, é do terceiro ao quinto dia após a infecção pelo novo coronavírus que um RT-PCR, por exemplo, consegue identificar a doença.

Se a pessoa fizer um RT-PCR de zero a cinco dias e estiver positiva, você tem que fazer a quarentena completa de 15 dias. Se ela tiver negativa no quinto dia, aí ela pode ser liberada porque provavelmente ela não deve estar infectada
Gonzalo Vecina

Apesar de estabelecer a quarentena e a necessidade do RT-PCR aos viajantes não vacinados que desembarcam no país, o Ministério da Saúde não detalhou como isso será feito.

Alguns países que adotaram medidas semelhantes durante a pandemia, como a Nova Zelândia, mantiveram hotéis para essas pessoas, com controle das autoridades.

"Aqui no Brasil, sem nenhuma infraestrutura para fazer uma ação dessa, duvido que a gente tenha condição de fiscalizar a realização dessa quarentena. O mais correto seria fazer o que mais uma vez a Anvisa corretamente propõe, que é exigir o passaporte vacinal, e quem não tem passaporte vacinal não entra no país; ou o passaporte vacinal ou o RT-PCR na entrada, e a fiscalização sobre a realização ou não da quarentena", disse Vecina.

Para o sanitarista, com as medidas anunciadas ontem, o Brasil se coloca "na contramão de tudo" quando o assunto é a pandemia do novo coronavírus.

Nenhum país proporia uma bobagem dessa, em um país com tantos pontos de entrada como o Brasil
Gonzalo Vecina