'Inacreditável o que a Anvisa fez', diz Bolsonaro sobre vacinar crianças
O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou hoje a criticar a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pela decisão de autorizar o início da vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19, anunciada há três dias. Ele questionou supostos efeitos adversos — sem, no entanto, apresentar dados — e repetiu ser a favor da "liberdade" de não se vacinar, ainda que isso represente um risco a outras pessoas.
"Nem a tua [vacina] é obrigatória. É liberdade", disse Bolsonaro durante conversa com apoiadores, em Praia Grande (SP). "Criança é uma coisa muito séria. Não se sabe os possíveis efeitos adversos futuros. É inacreditável, desculpa aqui, o que a Anvisa fez. Inacreditável", (Assista abaixo a partir de 9:36)
Na quinta-feira (16), dia em que a Anvisa liberou a vacinação de crianças contra a covid-19, Bolsonaro já havia dito que pediu os nomes dos técnicos da agência responsáveis pela aprovação. Ele também afirmou que ainda discutiria com a primeira-dama Michelle se vai ou não imunizar a filha Laura, de 11 anos.
"Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para 5 a 11 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas", contou. "A responsabilidade é de cada um. Mas agora mexe com as crianças, então quem é responsável por olhar as crianças é você, pai. Eu tenho uma filha de 11 anos de idade e vou estudar com a minha esposa bastante isso aqui."
Vale lembrar que, para a tomada de decisão, a Anvisa analisou um estudo feito com 2.250 crianças, divididas em dois grupos. Dois terços tomaram vacina e um terço tomou placebo (substância que não tem efeito no organismo) em um esquema de duas doses, com intervalo de 21 dias. A pesquisa comprovou que o imunizante é seguro e eficaz, com benefícios que superam os riscos.
O perfil de segurança da vacina [para crianças] quando comparado com placebo é muito positivo. Ao observar qualquer reação adversa, não tem diferença importante e não tem nenhum evento sério de preocupação por conta da vacinação comparado com placebo.
Gustavo Mendes, da Anvisa, ao justificar autorização
Ameaças de morte
Em outubro, a possibilidade de incluir o público infantil na campanha de vacinação contra a covid-19 já havia motivado ameaças de morte a cinco diretores da Anvisa. Eles receberam e-mails com intimidações em caso de aprovação da vacina para crianças — o que acabou acontecendo no último dia 16, quase dois meses depois.
Um trecho da mensagem, obtida pelo site O Antagonista, diz: "Deixando bem claro para os responsáveis, de cima para baixo: quem ameaçar, quem atentar contra a segurança física do meu filho: será morto."
Mais cedo, em nota, a Anvisa informou que as ameaças de violência se intensificaram nas últimas 24 horas e, por isso, enviou ofícios ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), ao Ministério da Justiça, à PGR (Procuradoria-Geral da República) e à Polícia Federal pedindo proteção aos membros da agência, além de novas investigações.
"A agência manifesta grande preocupação em relação à segurança do seu corpo funcional, tendo em vista o grande número de servidores da Anvisa espalhados por todo o Brasil. Não é possível afastar neste momento que tais servidores sejam alvo de ações covardes e criminosas", declarou.
A Anvisa segue em sua missão de proteger a saúde do cidadão.
Anvisa, em nota, após ameaças
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