Queiroga se irrita com perguntas sobre vacinação infantil: 'Não é eleição'
Questionado hoje sobre a realização de consulta e audiência públicas para definir se crianças com idades de 5 a 11 anos devem ser incluídas no Plano Nacional de Imunização (PNI), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que "grande parte dos leigos" que participarão do processo são "pais e mães que têm o direito de opinar" sobre a vacinação de seus filhos.
"Isso vai ser tratado no âmbito técnico do Ministério da Saúde. Não é eleição, é consulta pública... Não há nada de novo nisso, e foi validado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Não podemos querer usar decisões da Corte de maneira self-service. A decisão do Lewandowski é própria e o ministério a cumprirá", afirmou Queiroga.
Depois de ser questionado por jornalistas sobre a rejeição por parte do governo federal às recomendações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) —que orientam a aplicação de doses da Pfizer no público infantil—, o ministro demonstrou irritação e encerrou a entrevista.
O STF deu até 5 de janeiro para o governo se manifestar sobre vacinação de crianças. O resultado deverá servir "como base" para a definição final sobre a aplicação em crianças, informou o governo.
"Não podemos ouvir os especialistas nos canais de televisão. O ministério não se guia por opiniões que são exaradas na TV, embora respeitemos a imprensa e o valor da mídia que leva informações de qualidade à população", afirmou Queiroga.
Para Queiroga, o fato de crianças serem menos vitimadas pela covid justifica a falta de urgência para deliberar a vacinação do grupo. "Óbitos de crianças estão dentro de patamar que não implica em decisões emergenciais. Isso favorece que o ministério possa tomar decisão baseada na evidência científica de qualidade, na questão da segurança e da eficácia", afirmou Queiroga na porta do ministério.
Segundo a CTAI Covid-19, 301 crianças de 5 a 11 anos morreram de covid-19 desde o início do surto da doença até 6 de dezembro. "Essa é a faixa etária em que se identifica menos óbitos em decorrência da covid-19. Cada vida é importante. Nós lamentamos por todas as vidas. Agora, o Ministério da Saúde tem que tomar as suas decisões com base nas evidências científicas", disse o ministro.
Covid matou mais crianças que doenças com vacina em 15 anos
Apuração do UOL mostrou que, desde o início da pandemia, 1.148 crianças de 0 a 9 anos morreram de covid-19 no país. Apesar de representar apenas 0,18% dos óbitos pela doença, o número supera o total de mortes por doenças preveníveis com vacinação ocorridas entre 2006 e 2020 no país e explicam o porquê da pressa dos médicos em iniciar a vacinação infantil.
O UOL consultou o SIM (Sistema de Informações sobre Mortalidade), do Ministério da Saúde, e contabilizou, entre 2006 e 2020, 955 bebês e crianças até nove anos que morreram por doenças "reduzíveis pelas ações de imunização". Em 2020, a tuberculose e o sarampo foram as principais causas das 30 mortes registradas nessa faixa etária de doenças imunopreviníveis:
- Tuberculose do sistema nervoso: 10;
- Sarampo: 10;
- Coqueluche: 04;
- Meningite por Haemophilus: 03;
- Tuberculose miliar: 02;
- Hepatite aguda B: 01.
Por conta dos bons resultados da vacina contra a covid-19 aplicada em crianças pelo mundo, a aprovação pela Anvisa na última quinta-feira (16), para o uso do imunizante da Pfizer para menores de 5 a 11 anos foi comemorada por especialistas e sociedades científicas médicas.
Entretanto, a decisão teve reações negativas de pessoas que criticam vacinas, como o presidente Jair Bolsonaro, que se enfureceu ao saber da aprovação e ainda prometeu, em live em suas redes sociais, divulgar os nomes dos diretores do órgão que aprovaram o uso da Pfizer para crianças. Em nota, a Anvisa repudiou a ameaça e reforçou que suas medidas se baseiam apenas em evidências científicas.
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