A ciência sempre vence, diz Luana Araújo sobre vacinação das crianças
A médica infectologista Luana Araújo criticou hoje a demora do Ministério da Saúde para aprovar a vacina contra covid-19 para crianças de 5 a 11 anos. Em meio à pressão de especialistas, secretários de Saúde e governadores, o ministro Marcelo Queiroga anunciou ontem que a pasta incluiria o grupo no PNI (Plano Nacional de Imunização).
Em entrevista à GloboNews, Luana afirmou que "a ciência sempre vence". A infectologista trabalhou por 10 dias no Ministério da Saúde no comando da secretaria de enfrentamento à covid-19, até sua nomeação ser suspensa.
No final das contas, a ciência sempre vence. Você não pode colocar as pessoas em risco pelo seu bel-prazer.
Médica infectologista Luana Araújo comemora inclusão de crianças no PNI
O governo de São Paulo e a cidade do Rio de Janeiro já anunciaram planos para a vacinação de crianças. Segundo o Ministério da Saúde, 3,7 milhões de crianças devem receber a primeira dose do imunizante ainda em janeiro — a baixa cobertura vacinal preocupa especialistas diante da volta às aulas.
No Brasil, são 20 milhões de crianças entre 5 e 11 anos que podem receber a vacina da Pfizer, a única autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O primeiro lote do imunizante está previsto para chegar em 13 de janeiro.
O Ministério da Saúde diz ter encomendado doses suficientes para atender o público-alvo e prevê que todas serão entregues no primeiro trimestre deste ano. Crianças mais velhas serão vacinadas primeiro, com prioridade para aquelas que tenham comorbidades ou deficiências permanentes.
Ontem, o Ministério da Saúde também anunciou um intervalo entre doses de oito semanas — a bula da Pfizer recomenda apenas três semanas.
"Esse intervalo é questionado em diferentes níveis. Existe racional científico para ele, há estudos que dizem que o espaçamento maior entre doses tem um resultado mais interessante. Isso aconteceu para adultos", afirmou Luana, em entrevista à GloboNews.
Pode fazer em 8 semanas? Pode, o problema é entender isso no contexto covid/ômicron no Brasil. Eu vejo isso como uma decisão sustentada muito mais pela falta de imunizantes para essa população.
Luana Araújo diz que espaçamento entre doses é motivado por falta de doses
"A previsão de imunizantes é de 4 milhões apenas. Se só tem isso, a ideia é aplicar no maior número de crianças para oferecer alguma proteção de primeira dose", afirmou ela. "Meu medo pessoal é que isso não seja suficiente para a volta às aulas".
Atenção aos cuidados
Luana também recomendou que pais orientem suas crianças sobre higiene e o uso correto de máscara.
"A gente sabe que crianças são alvo fácil de diferentes viroses. Quando manda criança para escola, eventualmente ela volta com uma febre. É natural essa exposição, mas agora temos outras ameaças: a covid, a H3N2. O que precisa ser feito é ensinar a criança sobre higiene, educação sanitária. Tem adulto que até hoje não sabe lavar a mão".
Luana acrescentou que pais podem checar com as escolas quais cuidados que estão sendo adotados. "Não é porque existe ou vai existir uma vacina que os estabelecimentos podem abrir mão de procedimentos".
A vacinação do público infantil contra a covid-19 foi aprovada pela Anvisa há quase três semanas, em 16 de dezembro de 2021. Para a tomada de decisão, a agência analisou um estudo feito com 2.250 crianças que comprovou que o imunizante da Pfizer é seguro e eficaz, com benefícios que superam os riscos.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) já se manifestou contra a vacinação de crianças contra a covid-19 em diversas ocasiões.
Saída de Luana do Ministério da Saúde
Escolhida pelo ministro Marcelo Queiroga para assumir o comando da secretaria extraordinária de enfrentamento à pandemia, Luana Araújo exerceu a função informalmente por 10 dias até ser informada que o governo desistiu de sua nomeação.
Em depoimento na CPI da Covid, Luana afirmou que seu nome foi reprovado pela Casa Civil, pasta que integra a cúpula do Planalto.
Nos bastidores, a informação é de que o veto se deu porque a médica tem opiniões e convicções que vão no sentido contrário às de Bolsonaro, sobretudo em relação a temas como o uso de cloroquina/hidroxicloroquina e a validade ou não de medidas restritivas.
Segundo o ministro Marcelo Queiroga, do Ministério da Saúde, a decisão foi dele porque a médica não se encaixaria em um determinado "perfil" com que ele esperava contar.
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