Paes repete Macron: 'Vou dificultar a vida de quem não crê na vacina'
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), repetiu hoje o presidente francês Emmanuel Macron e disse que está "dificultando a vida daqueles que não creem na ciência, não creem na vacina" ao exigir o passaporte da vacinação contra a covid-19 no município. Em entrevista ao jornal Le Parisien na última quarta-feira, o presidente francês admitiu querer "'encher o saco' dos não vacinados".
"O passaporte da vacina é uma realidade no Rio desde muito tempo. Nós temos muito orgulho de ter o passaporte da vacinação aqui. Eu vou usar uma expressão que o presidente francês usou, que o prefeito de Nova York usou em algum momento: o passaporte de vacinação é libertador. Porque é ele que permite que tenhamos uma certa flexibilidade nas coisas", começou o prefeito.
E continuou: "E eu aqui estou com o passaporte da vacinação, literalmente, dificultando a vida daqueles que não creem na ciência, não creem na vacina, até para proteger os outros. O direito à vida está acima das liberdades de delirar. Vamos sempre exigir o passaporte da vacinação em eventos até para mantê-los".
Durante a entrevista a jornalistas, com transmissão da GloboNews, Paes agradeceu à Anvisa e agências independentes, ao judiciário, ao Congresso e "aqueles que estão fazendo com que as coisas aconteçam" contra o vírus no país.
O prefeito ainda classificou como "inaceitável" que as pessoas duvidem da ciência e ainda ressaltou que "não há um lugar no mundo" que não tenha comprovado que os não vacinados são mais internados e morrem mais pela contaminação pela covid-19 do que os imunizados.
"Tomara que sejam salvas [as vidas dos não vacinados] porque nós temos que salvar até aqueles que não têm consciência, mas vamos vacinar", reforçou o político.
Governo e Ministério da Saúde
Após divulgar o calendário para a imunização infantil, o prefeito disse acreditar que o Ministério da Saúde conseguirá entregar rapidamente as doses para a vacinação da faixa etária de 5 a 11 anos, aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em 16 de dezembro.
"O Ministério faz acontecer quando quer, deseja, e quando há o comando político. O ministério já provou muita capacidade de entrega, de fazer as coisas acontecerem. Ali existe uma máquina do estado brasileiro poderosa, forte, competente. Então, o que não dá para aceitar é a vocalização daqueles que nos lideram jogando contra a vacina."
Citando o presidente Jair Bolsonaro (PL), Paes lamentou que o chefe do Executivo desestimule a vacinação da população. Ontem, em novo ataque, o presidente voltou a criticar a Anvisa pelo aval à vacinação de crianças contra a covid-19, questionando a autoridade do órgão — que chamou de "dona da verdade" — para tomar esse tipo de decisão, ainda que baseada em estudos científicos.
"Eu acho inaceitável ter o maior líder do país desestimulando as pessoas a se vacinarem, com todo respeito a sua excelência presidente da República. Nós precisamos que as crianças se vacinem, não acreditem em teses delirantes. Nós precisamos proteger as nossas crianças, o futuro do país."
Apesar dos impasses para a liberação da vacinação de crianças, Paes disse achar que a questão está "resolvida".
"Eu acho que essa questão, apesar de toda a contrariedade politica que aconteceu, está resolvida, assim como se resolveu quanto a vacina [para adultos e adolescentes]. O estado brasileiro é mais forte do que esses delírios políticos e já se mostrou capaz de entregar e de fazer."
*Com informações da RFI
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