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Hallal: Apagão de dados dificulta planejamento e é confortável para governo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/01/2022 19h50

O epidemiologista Pedro Hallal criticou o apagão de dados referentes à pandemia de covid-19 em sistemas do Ministério da Saúde. O aplicativo ConecteSUS, que emite o comprovante de vacinação contra a doença, saiu do ar, em dezembro, no mesmo dia que o ministério chefiado por Marcelo Queiroga sofreu um ataque hacker. Dias após, a aplicação voltou instável, mas outros bancos de dados da pasta seguem com informações defasadas.

"O apagão de dados dificulta planejamento de saúde, da vacinação, enfim, dificulta tudo que é baseado na ciência", disse Hallal, em entrevista ao UOL News. "Para um governo que é contra a ciência é muito confortável esse apagão nesse momento porque não aparece para a população o quanto o governo federal tem fracassado no enfrentamento da pandemia de covid-19."

O especialista comparou a falta de dados atualizados com um avião pilotado por alguém vendado. "Estamos navegando às escuras. O apagão de dados tem razões de ter acontecido, claro que não podemos apontar quem fez porque não temos as provas ainda, mas é óbvio de onde partiu", afirmou. "Não podemos esquecer que governos autoritários sempre usaram sumiços de dados como forma de de desinformar população, isso não é novidade."

Ataques à Anvisa

Pedro Hallal chamou os recentes ataques a técnicos e profissionais da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de "desesperados" para chamar a atenção.

O ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, afirmou hoje não ser "fiscal de dados" e orientou que jornalistas procurem a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) para saber sobre o vazamento de dados pessoais de médicos que apoiam a vacinação contra covid-19 em crianças entre 5 e 11 anos.

Dados como CPF, celular e e-mail dos médicos Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Marco Aurélio Sáfadi, da Sociedade Brasileira de Pediatria, e Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, foram divulgados na internet durante a audiência pública do Ministério da Saúde, que discutiu a vacinação de crianças.

"Esses ataques mostram que partem de pessoas covardes e pessoas que estão desesperadas", afirmou o epidemiologista. "A opinião pública é a favor de vacina no Brasil, então cada vez mais essas pessoas estão ficando desesperadas e tomam atitudes mais irresponsáveis."