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'Kit covid' defendido pela Saúde é 'curandeirismo', diz presidente da SBPT

Colaboração para o UOL, no Rio

24/01/2022 19h40Atualizada em 25/01/2022 08h52

A presidente da SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia), Irma de Godoy criticou, no UOL News desta noite, a nota técnica emitida pelo Ministério da Saúde colocando a hidroxicloroquina como eficaz e a vacina como ineficaz contra o novo coronavírus.

O documento, assinado pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde da pasta, Hélio Angotti Neto, foi publicado na sexta-feira (21) para barrar as diretrizes que contraindicam o uso do chamado "kit covid" no tratamento da covid-19.

"Isso é curandeirismo. É prescrever medicação que sabidamente, com evidências claras, não faz efeito, e não traz nenhum benefício para o paciente, e ainda pode trazer prejuízos", disse Irma em entrevista à apresentadora do Canal UOL, Natália Mota.

A médica afirmou que as sociedades científicas do país foram pegas de surpresa com a defesa do Ministério da Saúde do uso de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a covid-19.

Não é possível que o mundo inteiro esteja errado e só o secretário do Ministério da Saúde esteja correto nisso. Isso é surpreendente, muito triste para nós
Irma de Godoy, sobre nota técnica da Saúde em defesa do 'kit covid'

Efeitos adversos

Irma lembrou que no início da pandemia medicamentos como a hidroxicloroquina chegaram a ser cogitados para o tratamento da covid-19, mas que rapidamente tiveram sua ineficácia contra a doença comprovada. Para ela, essas drogas podem apresentar mais efeitos adversos caso sejam usadas indevidamente do que a própria vacina.

"Um dos efeitos, que não é nem do medicamento, mas da conduta, é que o paciente deixa, às vezes, executar, aderir, a medidas que seguramente são efetivas, para aderir a uma medida que não é efetiva, colocando em risco sua vida. As pessoas não conhecem medicina, acreditam nos médicos, e elas acreditam no médico que está ali próximo dela", disse Irma.

A médica ainda cobrou uma diretriz por parte do Ministério da Saúde de como deve ser tratada a covid-19 por médicos de todo o país. Uma recomendação oficial da pasta, que ainda não foi feita após quase dois anos de pandemia, reforçaria a autonomia médica, segundo ela.

Defendemos sim a autonomia médica, mas para a prescrição de medicamentos cientificamente comprovados e com benefícios para aqueles pacientes, e que também não tenham efeitos colaterais sérios, que tragam prejuízos para a saúde desses pacientes
Irma de Godoy