Surto virou epidemia de dengue em 6 estados; 17 cidades decretam emergência

O rápido surto de dengue no Brasil em 2024 já se transformou em epidemia em seis estados e obrigou 17 municípios a declarar emergência de saúde pública.

O que aconteceu

Surto virou epidemia em seis estados. A dengue é considerada epidêmica quando as infecções atingem 300 casos para cada 100 mil habitantes. O chamado "coeficiente de incidência" já atingiu esse patamar em seis estados, na última semana epidemiológica de janeiro, entre o último dia 29 e 3 de fevereiro, segundo o Ministério da Saúde. Veja o coeficiente em cada caso:

  • Distrito Federal: 1.733,7. Brasília registrou 8.580 casos
  • Minas Gerais: 665. São 22.314 casos no estado, com destaque para Belo Horizonte (2321), Contagem (955) e Betim (825).
  • Acre: 542. A cidade com mais casos é a capital Rio Branco, com 90 registros.
  • Paraná: 388. Londrina (1.007), Apucarana (563) e Cascavel (455) lideram o número de casos no estado. Curitiba contabilizou 170 no período.
  • Goiás: 334. Os 4.272 casos em Goiás foram puxados por Goiânia (539), Anápolis (470) e Nova Gama (299).
  • Espírito Santos: 299. Com 1.501 infecções, o estado registrou mais casos prováveis na capital Vitória (171), Serra (125) e Linhares (110).

O Rio de Janeiro (178) e São Paulo (140) aparecem em seguida. No Rio, a capital concentrou 3.442 das 4.950 infecções no período. Em São Paulo —com 11.254 episódios—, a capital (1.637) é seguida por São José dos Campos (1.118), Ribeirão Preto (813) e Guarulhos (508).

Quatro estados e 17 cidades brasileiras decretaram emergência de saúde. Acre, Minas, Distrito Federal e Goiás —estados com índices de epidemia— declararam emergência. As cidades foram: Águas Lindas do Goiás, Oiapoque (AP), Rio de Janeiro, Jacareí (SP), Santa Luzia (MG), Brumadinho (MG), Vespasiano (MG), Matozinhos (MG), Sabará (MG), São José da Lapa (MG), Betim (MG), Bariri (SP), Pindamonhangaba (SP), Botucatu (SP), Pederneiras (SP), Marília (SP) e São José (SC).

[Emergência de Saúde] é um instrumento legal que torna mais ágeis medidas administrativas. Cada ente federativo tem autonomia para tomar essa decisão.
Ministério da Saúde

Casos vão superar os do ano passado

Em 2023, o coeficiente de incidência foi 777,6 para todo o Brasil. Isso significa que o país viveu uma epidemia de dengue no ano passado, quando o governo contou 1,6 milhão de casos prováveis, com 1.094 mortes e 218 ainda em investigação. Esse foi o maior número de infectados desde 2015.

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Por enquanto, a média nacional está em 194,6 casos por 100 mil habitantes. Já morreram de dengue este ano 53 pessoas, e 281 óbitos estão em investigação, diz o Ministério da Saúde.

O Brasil deve superar os registros diários do ano passado com dois meses de antecedência. Até o fim de fevereiro, o país deverá ultrapassar o pior dia da doença no ano passado.

Em janeiro, os contágios já são quase quatro vezes mais numerosos. Foram 364 mil casos prováveis no primeiro mês de 2024, contra 93 mil no mesmo período do ano passado.

"Infelizmente, estamos vendo um aumento de casos justo em cidades de grande porte", diz o infectologista Noaldo Lucena, da Fundação de Medicina Tropical de Manaus.

Qual a diferença entre surto e epidemia?

O Brasil já vivia uma endemia de dengue. É quando a doença é recorrente na região, mas não há crescimento significativo de casos, como acontece durante o verão em diversas partes do país.

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Um surto ocorre quando há aumento localizado do número de casos de uma doença. "Tudo está relacionado a escala", explica Lucena. "Falamos em surto quando temos um aumento de casos de uma doença de forma mais localizada, como em um hospital, bairro ou cidade."

Quando os surtos se espalham por diversas regiões, estados e cidades, ocorre uma epidemia. "Já uma pandemia é quando esse aumento acontece em vários países e continentes ao mesmo tempo, podendo se tornar um risco global", diz o médico.

Vacinação começou na sexta

Embalagem da vacina contra a dengue da japonesa Takeda
Embalagem da vacina contra a dengue da japonesa Takeda Imagem: EPTV/Reprodução

Distrito Federal e Goiás foram os primeiros a receber a vacina. Bahia, Acre, Paraíba, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Amazonas, São Paulo e Maranhão receberão as doses nos próximos dias.

O lote inicial é de 712 mil doses para 315 cidades. Essa remessa corresponde a 60% dos 521 municípios selecionados para receber a vacina. Até a primeira quinzena de março, as doses serão destinadas prioritariamente para a faixa etária de 10 a 11 anos.

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O governo espera receber 6,5 milhões de doses este ano. Com esse número, a pasta estima que a vacinação de todo o público-alvo nos municípios selecionados aconteça ao longo dos próximos meses, de forma progressiva.

Além da vacina, o infectologista defende a mobilização popular. "Dependendo da quantidade de mosquitos, os contágios podem ser mais explosivos. Daí a necessidade da participação popular para controlar os criadouros", recomenda Lucena.

Cerca de 75% dos focos do mosquito estão dentro de casa. Ações como a limpeza das vasilhas de água dos animais e vasos de plantas, o armazenamento de pneus e garrafas em locais cobertos e limpeza das caixas d'água são as melhores forma de prevenção.

Os principais sintomas são febre alta, dor de cabeça atrás dos olhos e dor nas articulações. Ao notar alguns desses sintomas, o Ministério da Saúde recomenda atendimento médico.

Crianças e adolescentes são prioridade da campanha de vacinação
Crianças e adolescentes são prioridade da campanha de vacinação Imagem: iStock

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