Enfermeira espanhola que sobreviveu ao ebola oferece sangue para tratar pacientes
A enfermeira espanhola que contraiu ebola em Madri, um caso que despertou alarme e recriminações políticas, disse nesta quarta-feira (5) que espera que sua infecção seja útil e se ofereceu para doar sangue para tratar vítimas em potencial quando deixou o hospital.
Teresa Romero, de 44 anos, superou o vírus mortal depois de se tornar a primeira pessoa de que se tem notícia a ser infectada fora da África Ocidental no atual surto, que já matou quase 5.000 pessoas.
O contágio, ocorrido depois que Teresa cuidou de dois padres infectados repatriados da África e que mais tarde morreram na capital espanhola, causou repúdio ao governo do país, e agentes de saúde afirmaram ter recebido treinamento e equipamento inadequados para lidar com o ebola.
"Não sei o que deu errado, nem sei se algo deu errado", declarou Teresa, emocionada, em uma coletiva de imprensa, referindo-se à fonte da infecção, que ainda está sendo investigada.
"Só sei que não estou sendo crítica nem ressentida, mas se minha infecção puder ter alguma utilidade para que a doença seja estudada melhor ou para ajudar a encontrar uma vacina ou curar outras pessoas, aqui estou", afirmou Teresa, acompanhada por funcionários do hospital Carlos 3º, onde foi tratada, e por seu marido.
Teresa recebeu anticorpos de uma freira missionária que contraiu ebola na Libéria e que também sobreviveu, assim como uma droga experimental chamada favipiravir, informaram os médicos, acrescentando não estar claro exatamente que parte do tratamento foi determinante para sua recuperação.
O favipiravir, ou Avigan, é produzido pela farmacêutica japonesa Toyama Chemical, subsidiária da Fujifilm.
Todas as pessoas que tiveram contato próximo com Teresa antes de ela ser diagnosticada, e que estavam sendo monitoradas no hospital em busca de sinais da doença, agora foram declaradas livres do ebola, incluindo seu companheiro.
O cachorro do casal, Excalibur, foi sacrificado no mês passado por autoridades de Madri por medo de que ele representasse um risco de infecção e causasse revolta na população.
O hospital Carlos 3º declarou que a equipe médica que tratou Teresa e os responsáveis pela limpeza dos quartos serão monitorados à distância para ver se exibem sintomas da febre hemorrágica medindo sua temperatura regularmente até o final do mês.
A equipe de enfermagem que cuidou de Teresa afirmou nesta quarta-feira que se sentiu estigmatizada pela doença e que sofreu rejeição de amigos e vizinhos, e autoridades hospitalares tentaram tranquilizar o público dizendo não haver mais nenhum risco de Teresa transmitir o vírus.
(Por Rodrigo de Miguel)
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