Reino Unido vota por saída e abala União Europeia
Londres, 24 Jun 2016 (AFP) - O Reino Unido aprovou a saída da União Europeia com o voto de 51,9% dos britânicos, segundo resultados definitivos publicados nesta sexta-feira, em meio a incerteza sobre o futuro da Europa.
O líder do Brexit Nigel Farage declarou que é "a vitória da verdade, da gente simples". "Faremos isto por toda a Europa. Espero que esta vitória derrube este projeto falido e nos leve a uma Europa de Nações soberanas".
"Vamos nos livrar desta bandeira (europeia), de Bruxelas e de tudo que fracassou. Façamos deste 23 de junho nosso dia da independência", declarou Farage.
"Agora precisamos de um governo Brexit", disse Farage à imprensa diante do Parlamento.
O chanceler britânico, Philip Hammond, garantiu que o primeiro-ministro, David Cameron, "seguirá como primeiro-ministro e aplicará as instruções do povo britânico".
O próprio Cameron convocou o referendo e colocou seu futuro político em jogo.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, lamentou o resultado no Twitter: "As notícias desta manhã procedentes da Grã-Bretanha são uma verdadeira desilusão. Parece um dia triste para a Europa e a Grã-Bretanha".
A França lamentou o voto britânico a favor da saída e pediu à Europa que "reaja para recuperar a confiança da população".
"A Europa segue, mas deve reagir e recuperar a confiança da população. É urgente", escreveu o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, que se disse "triste pelo Reino Unido".
A chefe de governo da Escócia, Nicola Sturgeon, declarou que "a votação aqui mostra claramente que os escoceses veem seu futuro como parte da UE".
O líder do partido republicano Sinn Fein, Declan Kearney, estimou que a província britânica da Irlanda do Norte deve realizar um referendo sobre sua união com a Irlanda após a saída do Reino Unido da UE.
"Temos esta situação em que o norte está sendo arrastado para fora (da UE) pelo resultado na Inglaterra (...). O Sinn Fein pressionará por sua demanda de referendo".
A líder da extrema direita francesa Marine Le Pen defendeu um referendo sobre a saída da União Europeia "na França e nos demais países da UE".
"Vitória da liberdade! Come peço há vários anos, é necessário o mesmo referendo na França e nos demais países da UE", escreveu a presidente da Frente Nacional (FN) no Twitter.
Na mesma direção, o líder da extrema direita holandesa, o deputado Geert Wilders, exigiu um referendo sobre a permanência de seu país na UE.
"O povo holandês também merece um referendo. Por isto, o Partido da Liberdade exige um referendo sobre a saída da Holanda da União Europeia", disse Wilders em um comunicado.
"Queremos estar a cargo do nosso próprio país, queremos nosso próprio dinheiro, nossas fronteiras e nossa política de imigração. Se fosse o primeiro-ministro, teríamos um referendo na Holanda sobre a saída da União Europeia. Que o povo holandês decida".
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, declarou que conversará com a chanceler alemã, Angela Merkel, para evitar "uma reação em cadeia de eurocéticos".
A ducha de água fria na UE começou em Newcastle, primeira cidade a divulgar resultados, onde a permanência venceu por pequena margem, mas muito inferior às previsões favoráveis à permanência, com 50,7% contra 49,3%.
Já em Sunderland, outra cidade do norte da Inglaterra, a saída do grupo europeu ganhou com ampla vantagem, por 61,34%, contra 38,66%.
Escócia e as grandes cidades votaram pela permanência na UE, inclusive superando as previsões, mas regiões inteiras do centro e do sul da Inglaterra, e o País de Gales, apoiaram em massa pela saída do Bloco.
Londres, Glasgow, Aberdeen e Liverpool votaram a favor da UE, mas cidades de tradição operária, como Blackpool, o porto de Dover e localidades históricas como Hastings deram um rotundo 'não' à permanência na UE.
- Pânico nos mercados -Os mercados asiáticos foram dominados pelo pânico nesta sexta-feira, diante do resultado favorável à saída do Reino Unido da União Europeia.
A Bolsa de Tóquio recuou 7,92%, e Hong Kong e Sidney seguiram na mesma direção.
Por volta das 03H15 GMT (00H15 Brasília), a libra esterlina era cotada a 1,3466 dólar, seu nível mais baixo em relação à moeda americana desde 1985. Minutos depois, caía a 1,33 dólar.
Paralelamente, o dólar era cotado abaixo dos 100 ienes e o euro, a menos de 110 ienes.
"O Banco do Japão anunciou sua disposição de facilitar a suficiente liquidez, utilizando em particular as operações de 'swap' em vigor entre os seis bancos centrais, para garantir a estabilidade dos mercados", declarou o governador Haruhiko Kuroda à AFP.
O ministro japonês das Finanças, Taro Aso, assegurou à imprensa que está disposto a atuar rápido diante dos movimentos "extremamente bruscos" que estão sacudindo os mercados.
"Responderemos com firmeza quando for necessário", declarou o ministro, acrescentando que está "preocupado com os riscos que pesam sobre a economia mundial e os mercados financeiros e de divisas".
O Banco da Inglaterra tomará "todas as medidas necessárias" para garantir a estabilidade monetária e financeira do Reino Unido, anunciou a instituição na manhã desta sexta-feira, enquanto a libra esterlina afundava a níveis registrados há três décadas.
As ações dos grupos bancários Standard Chartered e HSBC, com sede em Londres, recuavam 9,2% e 8,6%, respectivamente, na Bolsa de Hong Kong.
No setor petroleiro, o barril do West Texas Intermediate para entrega em agosto cedia 3,11 dólares, a US$ 47,00. O barril do Brent do Mar do Norte recuava 3,14 dólares, a US$ 47,77.
- Aposta no desconhecido -As casas de apostas britânicas mudaram sua tendência na madrugada de sexta-feira e passaram a antecipar a vitória do Brexit.
Após dois meses de uma campanha dura e tensa, que teve como momento mais dramático o assassinato da deputada trabalhista e pró-UE Jo Cox, 46,5 milhões de eleitores responderam a seguinte pergunta: "O Reino Unido deve permanecer como membro da União Europeia, ou abandonar a União Europeia"?
Nunca um grande país abandonou a UE desde o nascimento do projeto europeu nos anos 1950, quando as nações ainda viviam sob os escombros da Segunda Guerra Mundial, e metade do continente era governado por ditaduras. Atualmente, a UE engloba 28 países democráticos.
O Reino Unido entrou para o bloco em 1973 e, dois anos depois, organizou um referendo para calar os eurocéticos, com vitória da permanência. A votação desta quinta-feira dificilmente encerrará esse debate.
"Estamos em território desconhecido", afirmou o professor Chris Bickerton, da Universidade de Cambridge e autor de "The European Union: A Citizen's Guide".
"A saída será um golpe muito duro para UE. Há muito tempo a moral não estava tão baixa em Bruxelas", completou.
O líder do Brexit Nigel Farage declarou que é "a vitória da verdade, da gente simples". "Faremos isto por toda a Europa. Espero que esta vitória derrube este projeto falido e nos leve a uma Europa de Nações soberanas".
"Vamos nos livrar desta bandeira (europeia), de Bruxelas e de tudo que fracassou. Façamos deste 23 de junho nosso dia da independência", declarou Farage.
"Agora precisamos de um governo Brexit", disse Farage à imprensa diante do Parlamento.
O chanceler britânico, Philip Hammond, garantiu que o primeiro-ministro, David Cameron, "seguirá como primeiro-ministro e aplicará as instruções do povo britânico".
O próprio Cameron convocou o referendo e colocou seu futuro político em jogo.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, lamentou o resultado no Twitter: "As notícias desta manhã procedentes da Grã-Bretanha são uma verdadeira desilusão. Parece um dia triste para a Europa e a Grã-Bretanha".
A França lamentou o voto britânico a favor da saída e pediu à Europa que "reaja para recuperar a confiança da população".
"A Europa segue, mas deve reagir e recuperar a confiança da população. É urgente", escreveu o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Marc Ayrault, que se disse "triste pelo Reino Unido".
A chefe de governo da Escócia, Nicola Sturgeon, declarou que "a votação aqui mostra claramente que os escoceses veem seu futuro como parte da UE".
O líder do partido republicano Sinn Fein, Declan Kearney, estimou que a província britânica da Irlanda do Norte deve realizar um referendo sobre sua união com a Irlanda após a saída do Reino Unido da UE.
"Temos esta situação em que o norte está sendo arrastado para fora (da UE) pelo resultado na Inglaterra (...). O Sinn Fein pressionará por sua demanda de referendo".
A líder da extrema direita francesa Marine Le Pen defendeu um referendo sobre a saída da União Europeia "na França e nos demais países da UE".
"Vitória da liberdade! Come peço há vários anos, é necessário o mesmo referendo na França e nos demais países da UE", escreveu a presidente da Frente Nacional (FN) no Twitter.
Na mesma direção, o líder da extrema direita holandesa, o deputado Geert Wilders, exigiu um referendo sobre a permanência de seu país na UE.
"O povo holandês também merece um referendo. Por isto, o Partido da Liberdade exige um referendo sobre a saída da Holanda da União Europeia", disse Wilders em um comunicado.
"Queremos estar a cargo do nosso próprio país, queremos nosso próprio dinheiro, nossas fronteiras e nossa política de imigração. Se fosse o primeiro-ministro, teríamos um referendo na Holanda sobre a saída da União Europeia. Que o povo holandês decida".
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, declarou que conversará com a chanceler alemã, Angela Merkel, para evitar "uma reação em cadeia de eurocéticos".
A ducha de água fria na UE começou em Newcastle, primeira cidade a divulgar resultados, onde a permanência venceu por pequena margem, mas muito inferior às previsões favoráveis à permanência, com 50,7% contra 49,3%.
Já em Sunderland, outra cidade do norte da Inglaterra, a saída do grupo europeu ganhou com ampla vantagem, por 61,34%, contra 38,66%.
Escócia e as grandes cidades votaram pela permanência na UE, inclusive superando as previsões, mas regiões inteiras do centro e do sul da Inglaterra, e o País de Gales, apoiaram em massa pela saída do Bloco.
Londres, Glasgow, Aberdeen e Liverpool votaram a favor da UE, mas cidades de tradição operária, como Blackpool, o porto de Dover e localidades históricas como Hastings deram um rotundo 'não' à permanência na UE.
- Pânico nos mercados -Os mercados asiáticos foram dominados pelo pânico nesta sexta-feira, diante do resultado favorável à saída do Reino Unido da União Europeia.
A Bolsa de Tóquio recuou 7,92%, e Hong Kong e Sidney seguiram na mesma direção.
Por volta das 03H15 GMT (00H15 Brasília), a libra esterlina era cotada a 1,3466 dólar, seu nível mais baixo em relação à moeda americana desde 1985. Minutos depois, caía a 1,33 dólar.
Paralelamente, o dólar era cotado abaixo dos 100 ienes e o euro, a menos de 110 ienes.
"O Banco do Japão anunciou sua disposição de facilitar a suficiente liquidez, utilizando em particular as operações de 'swap' em vigor entre os seis bancos centrais, para garantir a estabilidade dos mercados", declarou o governador Haruhiko Kuroda à AFP.
O ministro japonês das Finanças, Taro Aso, assegurou à imprensa que está disposto a atuar rápido diante dos movimentos "extremamente bruscos" que estão sacudindo os mercados.
"Responderemos com firmeza quando for necessário", declarou o ministro, acrescentando que está "preocupado com os riscos que pesam sobre a economia mundial e os mercados financeiros e de divisas".
O Banco da Inglaterra tomará "todas as medidas necessárias" para garantir a estabilidade monetária e financeira do Reino Unido, anunciou a instituição na manhã desta sexta-feira, enquanto a libra esterlina afundava a níveis registrados há três décadas.
As ações dos grupos bancários Standard Chartered e HSBC, com sede em Londres, recuavam 9,2% e 8,6%, respectivamente, na Bolsa de Hong Kong.
No setor petroleiro, o barril do West Texas Intermediate para entrega em agosto cedia 3,11 dólares, a US$ 47,00. O barril do Brent do Mar do Norte recuava 3,14 dólares, a US$ 47,77.
- Aposta no desconhecido -As casas de apostas britânicas mudaram sua tendência na madrugada de sexta-feira e passaram a antecipar a vitória do Brexit.
Após dois meses de uma campanha dura e tensa, que teve como momento mais dramático o assassinato da deputada trabalhista e pró-UE Jo Cox, 46,5 milhões de eleitores responderam a seguinte pergunta: "O Reino Unido deve permanecer como membro da União Europeia, ou abandonar a União Europeia"?
Nunca um grande país abandonou a UE desde o nascimento do projeto europeu nos anos 1950, quando as nações ainda viviam sob os escombros da Segunda Guerra Mundial, e metade do continente era governado por ditaduras. Atualmente, a UE engloba 28 países democráticos.
O Reino Unido entrou para o bloco em 1973 e, dois anos depois, organizou um referendo para calar os eurocéticos, com vitória da permanência. A votação desta quinta-feira dificilmente encerrará esse debate.
"Estamos em território desconhecido", afirmou o professor Chris Bickerton, da Universidade de Cambridge e autor de "The European Union: A Citizen's Guide".
"A saída será um golpe muito duro para UE. Há muito tempo a moral não estava tão baixa em Bruxelas", completou.
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