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Congressistas republicanos atacam Hillary em relatório sobre Benghazi

28/06/2016 23h10

Washington, 29 Jun 2016 (AFP) - Legisladores republicanos apresentaram nesta terça-feira um esperado relatório sobre o ataque fatal à missão dos Estados Unidos em Benghazi (Líbia), no qual acusam a então secretária de Estado, Hillary Clinton, de subestimar e interpretar mal a ameaça extremista.

O relatório foi questionado pelos democratas na comissão do Congresso encarregada de investigar o ataque, que denunciaram o caráter eleitoral no documento apresentado por seus colegas.

"Deixarei que outros comentem este relatório, mas acredito que está bastante claro que chegou a hora de seguir adiante", declarou a própria Hillary Clinton, hoje candidata democrata à presidência.

O departamento de Estado avaliou que o relatório fornece poucos dados novos sobre os fatos ocorridos em setembro de 2012.

Já o presidente da Câmara de Representantes, o republicano Paul Ryan, afirmou que "o relatório traz um significativo volume de informação sobre o que ocorreu antes, durante e depois do ataque terrorista que matou quatro dos nossos cidadãos".

O documento "deixa claro que os funcionários em Washington falharam com nossos homens e mulheres no terreno quando precisavam de ajuda".

O congressista republicano Trey Gowdy, que presidiu o comitê, apresentou o relatório como uma homenagem aos quatro americanos mortos no ataque: o embaixador Chris Stevens, o funcionário do departamento de Estado Sean Smith, e os contratistas de segurança da CIA Glen Doherty e Tyrone Woods.

Na ocasião, os agressores invadiram com facilidade a instalação diplomática e incendiaram a residência do embaixador. Depois disso, atacaram o anexo da CIA.

"Agora, simplesmente peço ao povo americano que leia este relatório, olhe a evidência que recolhemos e chegue as suas próprias conclusões", disse.

"Benghazi, outro fracasso de Hillary Clinton. Nada parece funcionar como deve com ela", tuitou Donald Trump, candidato republicano à Casa Branca.

O documento alimenta a interpretação de que o governo foi lento para reagir diante dos riscos na Líbia e se apressou a relacioná-lo com um protesto pela divulgação na internet de um vídeo anti-islâmico produzido nos Estados Unidos.

O relatório republicano certamente contribuirá para aumentar a temperatura na tensa campanha para suceder o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na Casa Branca.

Os republicanos concluem que o governo não foi diligente para proteger a vida de seus funcionários em Benghazi. "Esperamos que nosso governo faça todo o possível para salvar a vida dos americanos que servem em meio ao perigo. Isso não aconteceu", disse o representante Mike Pompeo.

O porta-voz do departamento de Estado, Mark Toner, disse que "os fatos essenciais que cercam os ataques de 2012 em Benghazi são conhecidos há algum tempo", lembrando que há duas investigações independentes do governo e sete realizadas por comitês do Congresso.

O ataque de extremistas nesta cidade líbia ocorreu enquanto Obama estava comprometido em uma dura batalha pela reeleição contra o republicano Mitt Romney.

Inicialmente, as explicações oficiais relacionaram o assassinato dos funcionários americanos, ocorrido justamente no décimo primeiro aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001, como uma reação a um vídeo divulgado no YouTube.

O relatório republicano evidencia que muitos funcionários do governo sabiam desde o início que na realidade se tratava de um ataque terrorista planejado.