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Erdogan defende controverso projeto de naturalização de sírios

11/07/2016 10h19

Ancara, 11 Jul 2016 (AFP) - O presidente Recep Tayyip Erdogan voltou a defender seu projeto de conceder a cidadania turca aos refugiados sírios na Turquia, um projeto que provoca uma grande controvérsia.

O homem forte do país havia anunciado no dia 2 de julho que o regime islamita-conservador trabalhava em um projeto que permitiria que os refugiados que desejassem obtivessem a nacionalidade turca.

Um total de 2,7 milhões de sírios se refugiaram na Turquia desde o início do conflito em seu país, em 2011. Apenas cerca de 10% deles vivem nos campos para deslocados, enquanto os demais lutam para se integrar na sociedade e no mercado de trabalho locais.

Erdogan, citado nesta segunda-feira pela imprensa turca, sugeriu que os sírios podem se beneficiar da dupla nacionalidade e, assim, consigam ficar na Turquia após o fim da guerra civil em seu país.

"Por acaso é uma obrigação para as pessoas que possuem dupla nacionalidade retornar ao seu país de origem?", se pergunta o chefe de Estado turco, utilizando como exemplo os dezenas de milhares de trabalhadores turcos que se instalaram na Alemanha desde o início dos anos 1960.

"Ninguém perguntou se vão retornar ou não à Turquia", acrescenta.

Em sua vontade de apaziguar as inquietações na Turquia em relação a este projeto um pouco vago em suas linhas gerais, Erdogan insiste que a Turquia dispõe de um território suficientemente amplo para acolher os sírios, informa o jornal Hurriyet.

"Não há nada a temer, este país abriga 79 milhões de pessoas sobre uma superfície de 780.000 quilômetros quadrados. A Alemanha possui uma população de 85 milhões com uma superfície de menos da metade", disse.

Erdogan sugeriu, em particular, que os sírios possam ser alojados em edifícios vazios construídos pela agência pública de casas coletivas.

Nesta segunda-feira, o porta-voz do governo, Numan Kurtulmus, afirmou que "os trabalhos sobre este projeto ainda não foram finalizados".