David Cameron: o dirigente desapaixonado que tirou seu país da UE
Londres, 12 Jul 2016 (AFP) - O conservador David Cameron entrará para a História como o primeiro-ministro britânico que provocou a saída de seu país da União Europeia, quando, na realidade, queria mantê-lo no bloco.
Cameron anunciou em 2013, dois anos antes das eleições legislativas, a arriscada consulta sobre uma questão que tradicionalmente dividia o seu partido. Agora perdeu a aposta, a credibilidade e seu cargo de primeiro-ministro.
Assumindo suas responsabilidades, anunciou sua demissão no dia seguinte ao referendo de 23 de junho. A renúncia será efetivada na quarta-feira (13) desta semana, quando se apresentar à rainha Elizabeth para o ato que passará sua função à ministra do Interior Theresa Mary, única candidata em condições para sucedê-lo.
Durante meses, Cameron, primeiro-ministro desde 2010, fez campanha a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia, e não deixou de profetizar o pior em caso de vitória do Brexit. No entanto, em suas origens, o dirigente conservador era um eurocético.
"Um eurocético pragmático", afirma Peter Snowdon, coautor do livro - "Cameron at 10" - sobre seus primeiros anos a frente do Partido Conservador.
"Não é nem Edward Heath (eurófilo), nem Margaret Thatcher (eurofóbica). É muito mais pragmático; assim se dá a sua dificuldade em convencer os eurocéticos", considera o biógrafo.
Modernizar um velho partidoFilho de uma família abastada, Cameron, de 49 anos e pai de três filhos, nunca despertou paixões em seu partido, nem entre seus eleitores.
"É educado, mas não é um intelectual; decidido, mas não dominador; cavalheiro, mas não esnobe (...) crente sem ser em demasia. As pessoas de seu tipo têm muitos limites - falta de originalidade e de paixão, tentação de autossatisfação - o que não impede de antigamente terem conquistado o mundo", resumia de forma sucinta o jornalista e biógrafo Charles Moore.
Nesse sentido, a carreira de Cameron é linear: é formado no exclusivo colégio Eton, frequentado por seu rival Boris Johnson (partidário do Brexit), estudou em Oxford e entrou na política, onde chegou ao comando do Partido Conservador há onze anos.
Desde esse momento, o dirigente se propôs a modernizar esta velha formação, e pôr fim a seus dolorosos debates sobre a Europa. Teve a ideia do referendo em plena ascensão do partido populista e anti-UE, UKIP, antes das eleições europeias de 2014 e com foco nas legislativas de 2015, onde renovou seu cargo graças a sua vitória por maioria absoluta.
Descida ao infernoAlém das legislativas, Cameron conquistou outra vitória no referendo da Escócia, em setembro de 2014, onde perdeu a opção independentista. Uma sequência de sucessos que terminou brutalmente com o referendo sobre a UE.
David Cameron conseguiu deixar um legado de uma economia dinâmica, em crescimento e com baixa taxa de desemprego (5% no fim de abril).
No entanto, suas políticas de austeridade também criaram precariedade, e o tratamento dado aos mais vulneráveis causou repulsa inclusive na Câmara dos Lordes e nos grupos de seu partido, obrigando-o a aliviar algumas medidas.
Também sob sua liderança, o Partido Conservador aceitou o casamento homossexual em 2014, uma conquista que trata com muito orgulho.
Sua queda coincide com a publicação de um duro relatório parlamentário sobre a forma com a qual o ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair colocou em 2013 seu país na guerra do Iraque.
Diferente de Blair, David Cameron nunca se agarrou ao poder, e anunciou que não se apresentará nas próximas eleições em 2020, afirmando que existem outras coisas além da política, começando por sua família.
Cameron anunciou em 2013, dois anos antes das eleições legislativas, a arriscada consulta sobre uma questão que tradicionalmente dividia o seu partido. Agora perdeu a aposta, a credibilidade e seu cargo de primeiro-ministro.
Assumindo suas responsabilidades, anunciou sua demissão no dia seguinte ao referendo de 23 de junho. A renúncia será efetivada na quarta-feira (13) desta semana, quando se apresentar à rainha Elizabeth para o ato que passará sua função à ministra do Interior Theresa Mary, única candidata em condições para sucedê-lo.
Durante meses, Cameron, primeiro-ministro desde 2010, fez campanha a favor da permanência do Reino Unido na União Europeia, e não deixou de profetizar o pior em caso de vitória do Brexit. No entanto, em suas origens, o dirigente conservador era um eurocético.
"Um eurocético pragmático", afirma Peter Snowdon, coautor do livro - "Cameron at 10" - sobre seus primeiros anos a frente do Partido Conservador.
"Não é nem Edward Heath (eurófilo), nem Margaret Thatcher (eurofóbica). É muito mais pragmático; assim se dá a sua dificuldade em convencer os eurocéticos", considera o biógrafo.
Modernizar um velho partidoFilho de uma família abastada, Cameron, de 49 anos e pai de três filhos, nunca despertou paixões em seu partido, nem entre seus eleitores.
"É educado, mas não é um intelectual; decidido, mas não dominador; cavalheiro, mas não esnobe (...) crente sem ser em demasia. As pessoas de seu tipo têm muitos limites - falta de originalidade e de paixão, tentação de autossatisfação - o que não impede de antigamente terem conquistado o mundo", resumia de forma sucinta o jornalista e biógrafo Charles Moore.
Nesse sentido, a carreira de Cameron é linear: é formado no exclusivo colégio Eton, frequentado por seu rival Boris Johnson (partidário do Brexit), estudou em Oxford e entrou na política, onde chegou ao comando do Partido Conservador há onze anos.
Desde esse momento, o dirigente se propôs a modernizar esta velha formação, e pôr fim a seus dolorosos debates sobre a Europa. Teve a ideia do referendo em plena ascensão do partido populista e anti-UE, UKIP, antes das eleições europeias de 2014 e com foco nas legislativas de 2015, onde renovou seu cargo graças a sua vitória por maioria absoluta.
Descida ao infernoAlém das legislativas, Cameron conquistou outra vitória no referendo da Escócia, em setembro de 2014, onde perdeu a opção independentista. Uma sequência de sucessos que terminou brutalmente com o referendo sobre a UE.
David Cameron conseguiu deixar um legado de uma economia dinâmica, em crescimento e com baixa taxa de desemprego (5% no fim de abril).
No entanto, suas políticas de austeridade também criaram precariedade, e o tratamento dado aos mais vulneráveis causou repulsa inclusive na Câmara dos Lordes e nos grupos de seu partido, obrigando-o a aliviar algumas medidas.
Também sob sua liderança, o Partido Conservador aceitou o casamento homossexual em 2014, uma conquista que trata com muito orgulho.
Sua queda coincide com a publicação de um duro relatório parlamentário sobre a forma com a qual o ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair colocou em 2013 seu país na guerra do Iraque.
Diferente de Blair, David Cameron nunca se agarrou ao poder, e anunciou que não se apresentará nas próximas eleições em 2020, afirmando que existem outras coisas além da política, começando por sua família.
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