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Denunciada transferência para presídio de opositor venezuelano em prisão domiciliar

27/08/2016 15h40

Caracas, 27 Ago 2016 (AFP) - O ex-prefeito opositor venezuelano Daniel Ceballos, acusado de incitar a violência em protestos contra o presidente Nicolás Maduro em 2014 e há um ano sob prisão domiciliar por razões de saúde, foi transferido para uma penitenciária, denunciou neste sábado sua defesa e sua família.

A esposa do político e prefeita de San Cristóbal (Táchira, oeste), Patricia de Ceballos, denunciou em um vídeo nas redes sociais que às 03H00 locais (04h00 Brasília) caminhonetes do serviço de Inteligência levaram seu esposo de sua casa, em Caracas, onde cumpria prisão domiciliar desde agosto de 2015.

"Disseram que era uma revisão médica. Colocaram-no em uma ambulância e na ambulância nos mostraram a carta de transferência para a prisão 26 de julho, em San Juan de los Morros", Guárico (centro), explicou a prefeita.

Daniel Ceballos, ex-prefeito de San Cristóval, a capital do estado fronteiriço onde explodiram os protestos nas ruas há dois anos, está preso desde março de 2014, acusado de incitar a violência nestas manifestações que acabaram com 43 mortos, a mesma razão pela qual está preso o opositor Leopoldo López.

"A transferência de @Daniel_Ceballos a uma prisão constitui um elo a mais na corrente de violações de DH contra prisioneiros de consciência", denunciou seu advogado, Juan Carlos Gutiérrez, através do Twitter.

O advogado disse que a prisão domiciliar de Ceballos, que antes esteve preso em uma sede de detenção policial dos serviços de Inteligência em Caracas e em outras duas prisões, foi concedida por motivos de saúde e, portanto, a medida não poderia ser revogada "sem existir tentativa de fuga".

A transferência para a prisão se dá na véspera da grande manifestação convocada pela oposição em 1º de setembro, em Caracas, para exigir ao poder eleitoral que acelere o processo para ativar um referendo revogatório contra Maduro.

"Se o que pretendem é nos dobrar, acreditem que com isto, com muito mais força vamos estar em paz nas ruas conquistando a mudança e a liberdade que todos queremos", disse Patricia de Ceballos em um vídeo junto às esposas de Leopoldo López e do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, em prisão domiciliar desde maio de 2015.

O governo venezuelano responsabilizou estes opositores pelas mortes nas manifestações de 2014 e informou que deverão continuar presos até que paguem por seus "assassinatos".