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Protesto após morte pela polícia de homem negro desarmado na Califórnia

28/09/2016 21h12

Los Angeles, 29 Set 2016 (AFP) - Manifestantes se reuniram para protestar nesta quarta-feira (28) em uma localidade da Califórnia, após a polícia matar a tiros um homem negro desarmado que agia de forma errática.

O homem de 30 anos, identificado por um familiar como Alfred Olango, nascido na Uganda, foi morto na terça-feira (27) no subúrbio de El Cajón, 24 km a leste de San Diego, após a polícia receber uma chamada avisando sobre um indivíduo que agia de maneira errática e caminhava entre os automóveis.

O incidente registrado é o último de uma série de mortes de afro-americanos por policiais que vêm gerando indignação por todo o país.

Os agentes policiais se depararam com o homem não identificado atrás de um restaurante depois de receber relatos de alguém que "agia fora de si" e caminhava em meio aos carros, disse a polícia de El Cajón em um comunicado.

O homem, que balançava para frente e para trás, não acatou a ordem de tirar a mão do bolso, acrescentou.

De acordo com a versão da polícia, em determinado momento os agentes tentaram falar com o homem, e "rapidamente ele retirou um objeto do bolso dianteiro de sua calça, juntou suas mãos e as esticou em direção ao oficial, no que pareceu ser uma posição para atirar".

O chefe da polícia, Jeff Davis, não descreveu o objeto, mas disse em uma coletiva de imprensa que não foi recuperada uma arma de fogo.

O agente para quem o homem apontava atirou "várias vezes", enquanto um segundo policial disparou simultaneamente seu Taser, indicou a polícia, que divulgou uma imagem recuperada de um vídeo que mostrava um homem aparentemente apontando uma arma ao policial.

Isso será transparenteUm protesto para pedir "justiça por Alfred Olango" foi convocado nesta quarta-feira em frente à delegacia de polícia de El Cajón, enquanto Davis pedia aos moradores que mantivessem a calma, destacando que há uma investigação em curso.

"Isso será transparente. Será visto por muitos olhos e não só pelos nossos", assinalou o chefe de polícia em uma nova coletiva de imprensa.

Um vídeo feito após o tiroteio e divulgado no Facebook mostra uma mulher que se identificou como a irmã de Olango.

A mulher diz no vídeo que pediu à polícia que ajudasse seu irmão, que estava mentalmente doente.

"Vocês veem e matam meu irmão", diz a mulher no vídeo, que já foi visto 82.000 vezes desde a manhã desta quarta-feira. "Eu pedi a eles que ajudassem meu irmão. Mataram meu irmão na minha frente", acrescentou.

Pouco depois que o homem foi morto, cerca de 100 manifestantes se reuniram, acusando a polícia de disparar sem advertência.

"Três policiais saíram com as armas na mão e atiraram cinco vezes", disse Rumbideai Mubaiwa, uma manifestante, à emissora local KUSI.

"Ninguém advertiu, ou disse para que ficasse quieto, que parasse, nada. Outro negro desarmado morto", acrescentou.

A morte de homens negros por policiais provocou protestos em todos os Estados Unidos, os últimos deles em Charlotte, Carolina do Norte (sudeste do país), na semana passada.

Lá, a morte de Keith Lamont Scott, de 43 anos, provocou vários dias de manifestações, obrigando o governador do estado a declarar estado de emergência e mobilizar a Guarda Nacional.