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Pentágono: erros provocaram ataque da coalizão contra forças sírias

29/11/2016 22h39

Washington, 30 Nov 2016 (AFP) - O Pentágono admitiu nesta terça-feira que diversos erros de inteligência e "fatores humanos" resultaram no ataque da coalizão liderada pelos Estados Unidos realizado em setembro contra forças aliadas do governo sírio.

Houve "erros no desenvolvimento da inteligência, assim como oportunidades perdidas por membros da coalizão para tomar decisões", expressou o Comando Central militar após seis semanas de investigações sobre o ataque de 17 de setembro, perto de Deir Azzor.

"Neste incidente cometemos um erro lamentável não intencional, devido a fatores humanos em diversas áreas", apontou o general de brigada Richard Coe, que conduziu as investigações.

A coalizão liderada pelos Estados Unidos tinha como prioridade atacar posições do grupo radical Estado Islâmico na Síria e no Iraque, mas acabou bombardeando forças aliadas ao governo sírio.

Aviões da Austrália, Dinamarca, Reino Unido e Estados Unidos participaram do ataque aéreo.

Fontes como o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) afirmam que pelo menos 90 pessoas morreram no ataque, apesar de o Pentágono afirmar que as investigações realizadas permitiram confirmar 15 soldados mortos.

O ataque atingiu veículos, barracas de camping, túneis e pessoas, que se pensavam pertencer a posições do EI.

Uma das falhas mais importantes foi a identificação errônea de um tanque sírio como pertencente às forças do Estado Islâmico.

A crença de que o tanque estivesse nas mãos do EI levou especialistas da inteligência a assumir equivocadamente que a área onde operava e as tropas ao seu redor eram extremistas, uma falha conhecida como "error de confirmação".

De acordo com o Pentágono, os combatentes não utilizavam uniformes militares de fácil reconhecimento e nem insígnias.

Outra falha foi verificada diante de uma ligação desesperada feita pelas forças russas para alertar que a coalizão estava atacando forças sírias e não o Estado Islâmico.

Essa ligação atrasou 27 minutos, pois o oficial que normalmente agia como elo de ligação com as forças russas não estava disponível. O grosso dos ataques contra as posições sírias ocorreu nesse ínterim.

Nenhum elemento da coalizão foi imputado pelo incidente e o Pentágono expressou "arrependimento", mas não pediu desculpas ao regime sírio.

"Na minha opinião, todas estas pessoas fizeram o melhor para realizar um bom trabalho", disse Coe, destacando que a decisão de lançar o ataque foi tomada conforme "a lei de conflitos armados e as normas de combate".

Os Estados Unidos e a coalizão construíram uma máquina de guerra extremamente poderosa para combater os extremistas na Síria. O ataque foi realizado por aviões F-16 e FA-18, A-10, além de drones.

Mas dispõem de poucos informantes no terreno e continuam sendo muito dependentes da informação coletada pelos drones que rondam a cada segundo as zonas do conflito.

O grupo EI assedia desde janeiro de 2015 a cidade de Deir Ezzor, onde vivem 200.000 habitantes.

Os extremistas controlam 60% da cidade, capital da província de mesmo nome.

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