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Dupla explosão mata 28 pessoas perto de hotel na Somália

25/01/2017 12h42

Mogadíscio, 25 Jan 2017 (AFP) - Vinte e oito pessoas morreram e mais de 40 ficaram feridas na explosão de dois carros-bomba nas imediações de um hotel do centro de Mogadíscio, seguida de um ataque de homens armados, em um ataque reivindicado pelos islamitas do grupo Al Shabab.

Um carro-bomba explodiu nas primeiras horas da manhã junto a uma das entradas do perímetro de segurança do hotel Dayah, frequentado por políticos e situado perto do parlamento e da presidência.

Vários homens armados entraram depois no recinto do hotel e abriram fogo contra os guardas de segurança.

Enquanto as equipes de socorro, os policiais e os jornalistas chegaram à zona, explodiu um segundo carro-bomba situado perto do primeiro.

"Dois homens armados morreram e a zona se encontra sob controle das forças de segurança", acrescentou a fonte policial.

Quatro jornalistas que chegaram ao local depois da primeira explosão acabaram feridos na segunda, entre eles um fotógrafo da AFP.

Os radicais do Al Shabab, afiliados à Al-Qaeda, reivindicaram o duplo atentado em sua conta no Telegram.

"Os combatentes mujahedines atacaram um hotel e conseguiram entrar nele depois de detonar um carro cheio de explosivos para abrir passagem", declararam.

O Al-Shabab tenta derrubar o governo somali apoiado pela comunidade internacional e protegido pela força da União Africana, a Amisom, composta por 22.000 homens.

- Processo eleitoral -Confrontados com a potência de fogo superior da Amisom, mobilizada em 2007 na Somália, os Al Shabab foram expulsos de Mogadíscio em agosto de 2011.

Depois perderam seus principais redutos, mas continuam controlado vastas zonas rurais, a partir de onde realizam operações de guerrilha e atentados suicidas, às vezes na capital, contra os símbolos do frágil governo somali ou contra a Amisom.

Os ataques do Al Shabab prosseguem em um ritmo constante nas últimas semanas, em pleno processo eleitoral para escolher um novo presidente.

A eleição do presidente do país - designado pelos deputados - deve ser celebrada nas próximas semanas, última fase de um processo eleitoral muito complexo.

Cerca de 14.000 eleitores-delegados - dos 12 milhões de somalis - votaram entre outubro e dezembro de 2016 para eleger os 275 deputados entre candidatos geralmente eleitos de antemão por consenso. Cada um representa um clã ou subclã.

Trata-se de um avanço democrático em relação às eleições de 2012, nas quais apenas 135 "elders" (sábios) designaram todos os deputados.

As últimas eleições realmente democráticas na Somália remontam há quase 50 anos, em 1969.

A instauração do sufrágio universal está prevista para as próximas eleições, em 2020.

A Somália, privada de um Estado central efetivo desde a quda do autocrata Siad Barre em 1991, está mergulhada no caos e na violência provocados pela milícias.

Em 11 de dezembro passado, 20 pessoas morreram em um atentado com caminhão-bomba no porto de Mogadíscio, outra ação reivindicada pelo movimento radical dos shebab.

Além dos mortos, cerca de 50 pessoas ficaram feridas.

O objetivo do atentado era uma base militar na entrada do porto, segundo os shebab, que falaram de quase 30 mortos.

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