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Corpo de meio-irmão de líder norte-coreano permanece no hospital

21/02/2017 08h22

Kuala Lumpur, 21 Fev 2017 (AFP) - O hospital de Kuala Lumpur em que se encontra o corpo de Kim Jong-Nam, meio-irmão do dirigente norte-coreano Kim Jong-Un, estava sob vigilância, em meio aos boatos sobre a possível chegada do filho da vítima para reclamar o cadáver, o que foi negado pelas autoridades.

O corpo de Kim Jong-Nam, assassinado na segunda-feira da semana passada no aeroporto de Kuala Lumpur, está no centro de uma crise diplomática entre Malásia e Coreia do Norte.

Pyongyang insiste que Kuala Lumpur deve entregar o corpo da vítima e expressou oposição a uma autópsia para determinar a causa do falecimento.

Mas o governo da Malásia rejeitou o pedido e insistiu que o corpo deve permanecer no necrotério até que um membro da família o identifique, depois de fornecer uma amostra de DNA.

Fontes do serviço secreto e a imprensa malaia afirmaram que o filho de Kim Jong-Nam, Kim Han-Sol, teria desembarcado na segunda-feira à noite em Kuala Lumpur, procedente de Macau, mas a AFP não conseguiu confirmar a informação.

Na manhã desta terça-feira, um comboio de quatro veículos entrou no complexo do hospital, escoltado por quase 30 homens das forças especiais malaias mobilizados para vigiar a área. Algumas horas depois, os agentes deixaram o local.

Um veículo da polícia saiu do local às 4H00 locais (17H00 de Brasília, segunda-feira).

Nenhum integrante da família reclamou o corpo, informou Noor Hisham Abdullah, vice-ministro da Saúde da Malásia.

"Continuamos esperando", disse, antes de informar que o relatório da autópsia ainda não foi concluído, mais de uma semana depois do assassinato.

- 'Mentiras, fantasias' -O embaixador da Coreia do Norte na Malásia, Kang Chol, afirmou na segunda-feira que o pedido dos investigadores de uma amostra de DNA era "absurdo". Ele acrescentou que a embaixada estava em seu direito de recuperar o corpo de um de seus cidadãos com passaporte diplomático.

Kang Chol também rejeitou a investigação policial, afirmando que tinha motivação política e que a Malásia conspirou com a Coreia do Sul desde o início para prejudicar a Coreia do Norte.

O ministro malaio das Relações Exteriores, Anifah Aman, rebateu na segunda-feira as acusações norte-coreanas baseadas, de acordo com ele, em "mentiras, fantasias e meias-verdades".

Sugerir que a investigação tem motivações políticas é "algo profundamente ofensivo para a Malásia", completou.

A Coreia do Sul acusou o vizinho do Norte, ao citar a existência de uma "ordem permanente" do ditador Kim Jong-Un para eliminar o meio-irmão, muito crítico do fechado regime comunista de Pyongyang.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro malaio, Najib Razak, defendeu o profissionalismo dos investigadores.

"Tenho uma confiança absoluta na objetividade de seu trabalho", afirmou.

Kim Jong-nam, de 45 anos, considerado por um tempo o sucessor do regime, caiu em desgraça quando em 2001 protagonizou um incidente embaraçoso para o regime comunista.

Foi detido no aeroporto de Tóquio com um passaporte falso da República Dominicana. Na época, afirmou que queria visitar o parque de diversões Disneyland.

Desde então, viveu exilado com sua família em Macau, Cingapura ou China. Viajou em múltiplas ocasiões a Bangcoc, Moscou e Europa.

Quando seu meio-irmão chegou ao poder, em 2011, expressou dúvidas sobre sua capacidade para governar. Os anúncios de expurgos, execuções e desaparecimentos - alguns confirmados, outros não - se multiplicaram desde a chegada ao poder de Kim Jong-un.

sc-tm/fp