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México e EUA buscam aproximar posições durante visita de Tillerson e Kelly

23/02/2017 14h50

México, 23 Fev 2017 (AFP) - O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, e seus principais ministros se reúnem nesta quinta-feira com os secretários americanos de Estado e Segurança Interior, Rex Tillerson e John Kelly, com o objetivo de aproximar posições em temas nos quais divergem: migração, comércio e o polêmico muro fronteiriço.

O chanceler mexicano, Luis Videgaray, que há duas lidera o diálogo com Washington, elevou o tom de voz. "Quero deixar claro e da maneira mais enfática que o governo do México e o povo do México não têm razão para aceitar disposições que, de maneira unilateral, um governo quer impor a outro", afirmou em referência às medidas migratórias anunciadas por Washington na terça-feira.

"Isso não vamos aceitar", assegurou, afirmando que seu país atuará "por todos os meios jurídicos", incluindo acionando organismos internacionais como a ONU.

Tillerson, que após chegar à Cidade do México na quarta-feira participou de um jantar de trabalho com Videgaray e com os secretários de Defesa e da Marinha, recebeu posteriormente a companhia de Kelly, que viajou procedente da Guatemala.

Na agenda desta quinta-feira: reuniões com os responsáveis mexicanos do Interior e das Finanças e, sobretudo, com Peña Nieto, que diante da retórica desafiadora do presidente americano Donald Trump havia cancelado uma visita a Washington no fim de janeiro.

No meio do dia, Videgaray e Tillerson comparecerão ante os meios de comunicação.

Desde sua chegada à Casa Branca, há um mês, Trump provocou tensões nas relações com seu vizinho do sul ao ordenar a construção de um enorme muro na fronteira comum e exigir que o México arque com seus custos.

A isto se somaram as diretrizes migratórias anunciadas por Washington na terça-feira para deter e deportar grande parte dos 11 milhões de imigrantes ilegais que vivem nos Estados Unidos, em sua maioria mexicanos.

Mas as novas disposições também preveem a expulsão para o México de imigrantes ilegais de qualquer outra nacionalidade. E caso o México não coopere, os Estados Unidos vão buscar maneiras de sancionar o país vizinho.

Neste sentido, Trump ameaçou impor tarifas às importações mexicanas, bloquear as remessas que os migrantes enviam as suas famílias e renegociar, ou inclusive revogar, o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), cujos termos considera muito favoráveis ao México.

- Recolocando as relações nos trilhos - "Não aceitaremos ser o pátio dos Estados Unidos, para onde serão enviados todos aqueles que não quiser", declarou nesta quinta à AFP o senador mexicano Fernando Herrera, presidente da Junta de Coordenação Política do Senado, que elabora um decreto para definir e limitar a negociação do governo de Peña Nieto com os Estados Unidos.

O texto, que deverá ser concluído em duas semanas, incluirá cinco questões importantes desta crise: migração, direitos Humanos, comércio e economia, segurança na fronteira e a construção do muro.

O governo mexicano insiste há semanas que iniciou um diálogo frutífero com a administração americana "em favor de uma relação respeitosa, próxima e construtiva".

No entanto, o governo de Peña Nieto, duramente criticado pela oposição de esquerda e por uma parte da população, que o acusa de ser muito frágil ante as exigências de Trump, deixou claro que não permitirá que sua soberania nacional seja abalada.

Nesta quinta-feira, duas manifestações estavam programadas para acontecer em frente à embaixada dos Estados Unidos no México e em frente à sede da chancelaria.

Outro dos temas que preocupa especialmente o país latino-americano é a eventual revogação do NAFTA, que os Estados Unidos assinaram em 1992 com México e Canadá.

Na terça-feira, Videgaray viajou acompanhado pelo secretário de Economia ao Canadá, onde discutiu com autoridades políticas e empresariais sobre a necessidade de que este tratado "continue sendo um motor de crescimento da região".

Na opinião de Maureen Meyer, especialista na Washington Office on Latin America (WOLA), organização americana de defesa dos direitos Humanos, a atitude de Trump mina o bom relacionamento de seu país com o México.

No entanto, enviou agora Tillerson e Kelly ao México para limar asperezas e aproximar posições em questões que o preocupam, como a passagem de imigrantes ilegais pela fronteira e a luta contra o narcotráfico.

"Esperamos que seja uma visita com visão de futuro, durante a qual sejam discutidos os meios para fortalecer nossa cooperação e avançar na segurança e no bem-estar econômico de nossos dois povos", explicou um responsável americano.

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