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Trump revive retórica de campanha e diz que é hora de 'ação'

24/02/2017 18h16

Oxon Hill, Estados Unidos, 24 Fev 2017 (AFP) - O presidente Donald Trump reviveu nesta sexta-feira (24) a incendiária retórica de sua campanha, ao participar, pela primeira vez desde que chegou à Casa Branca, da conferência anual dos conservadores americanos.

Para Trump, chegou a hora de agir.

"A era das palavras vazias acabou. Isso acabou. Agora é o momento da ação", disse Trump na Conferência da Ação Política Conservadora, nos arredores de Washington.

O agora presidente havia participado desse evento na edição de 2015, quando recebeu aplausos por suas críticas aos dirigentes do Partido Republicano e também algumas vaias do público ainda não acostumado com seu estilo provocador.

Nesta sexta-feira, porém, Trump foi visto como um verdadeiro herói, já que a conferência está há anos sem receber um presidente de tendência conservadora.

Em seu discurso de cerca de uma hora, Trump repetiu suas promessas de campanha, como a construção de um muro na fronteira com o México, a reforma do sistema de saúde (o Obamacare), a expulsão de imigrantes em situação ilegal, a derrota do "terrorismo do islamismo radical" e os investimentos em massa para fortalecer as Forças Armadas.

Construir o muro"Vamos construir o muro, não se preocupem. Estamos construindo o muro. Estamos construindo o muro. Na verdade, começará logo. Antes do previsto. Muito antes do previsto. Muito, muito antes do previsto", disse o presidente.

Como já havia ocorrido durante toda sua campanha eleitoral, o público interrompia seu discurso, gritando "USA! USA!".

Em certo momento, Trump mencionou sua adversária na eleição presidencial, a democrata Hillary Clinton, e o auditório explodiu em gritos de "prendam-na!", expressão que se tornou comum em seus comícios de campanha.

Trump também prometeu uma "enorme reconstrução" das Forças Armadas americanas, para que sejam "maiores e mais fortes".

"Ninguém vai se meter conosco. Ninguém. Será uma das maiores reconstruções militares na história deste país. Serão melhores, maiores e mais fortes do que antes. E espero que nunca tenhamos que utilizá-las", apontou.

De acordo com Trump, seu governo acredita na "paz por meio da força. E isso é o que teremos", prometeu.

Em uma mensagem direta a sua base eleitoral, Trump também atacou diretamente a globalização.

"Não existe um hino global, nem uma moeda global, nem uma bandeira global. Eu estou representando os Estados Unidos", expressou o presidente, ovacionado.

Também traçou um sombrio panorama de países europeus, como Suécia, França e Alemanha, apresentados por Trump como lugares repletos de extremistas.

"Paris não é mais Paris" Trump se concentrou especialmente na capital da França, citando o depoimento de um amigo que identificou como "Jim", para quem "Paris não é mais Paris".

Pouco depois, a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, recorreu à arma favorita de Trump, o Twitter, para recordar que o número de turistas americanos este ano aumentou 30% em relação ao ano passado.

"Para Donald e seu amigo Jim, da Torre Eiffel celebramos a atração de Paris com o Mickey e a Minnie", ironizou Hidalgo.

Em outra parte de seu discurso, Trump voltou a atacar a "imprensa extraordinariamente desonesta" e reiterou sua convicção de que, por causa das "notícias falsas" que são divulgadas, alguns veículos de comunicação devem ser considerados "inimigos do povo".

"São os inimigos do povo porque não têm fontes. Simplesmente as inventam quando não as têm", acusou o presidente.

A reunião anual dos conservadores americanos também contou nesta sexta-feira com a participação de Nigel Farage, líder nacionalista britânico que comandou a campanha do Brexit.

Farage foi saudado com uma ovação, ao afirmar que o ano de 2016 marcou o "início de uma revolução política global. E é uma que não vai parar aqui, porque vai se mover ao longo do resto deste enorme mundo".

Em sintonia com os eleitores de Trump, Farage criticou a "absoluta loucura e estupidez" de chanceler alemã, Angela Merkel, por permitir a entrada em massa de refugiados no país.