Juízes, prefeitos, famosos: 100 dias de oposição a Trump
Nova York, 27 Abr 2017 (AFP) - Juízes federais, prefeitos de grandes cidades, atores do "Saturday Night Live" e milhares de anônimos mobilizados nas redes sociais: desde janeiro, quando assumiu a presidência, Donald Trump tem que lidar com forças sociais heterogêneas que desafiam a realização de algumas de suas promessas de campanha.
A grande "Marcha das Mulheres", que reuniu milhões de pessoas nos Estados Unidos em 21 de janeiro, um dia após a posse do magnata republicano, foi o ponto de partida do confronto.
O primeiro cabo de guerra ocorreu seis dias depois, em 27 de janeiro, com a publicação do decreto presidencial suspendendo a entrada no país de pessoas provenientes de sete países muçulmanos, incluindo aqueles que tinham visto ou documentos válidos.
No fim de semana seguinte, centenas de viajantes se viram bloqueados nos aeroportos de todo o mundo, provocando a mobilização de uma série de advogados e da poderosa organização de defesa dos direitos civis American Civil Liberties Union, questionando a legalidade do decreto.
Um juiz federal de Seattle, James Robart, bloqueou poucos dias depois a aplicação do decreto, marcando a primeira vitória para o movimento incentivado pelo Partido Democrata.
Em 15 de março, a administração de Trump apresentou uma nova versão do decreto, mas um juiz federal do Havaí, Derrick Watson, também o bloqueou, vendo nele "evidências significativas e irrefutáveis de animosidade religiosa".
Esta batalha judicial foi acompanhada de manifestações quase diárias de apoio aos imigrantes, em fevereiro e março.
No entanto, a disputa sobre a questão da imigração está longe de terminar.
Quando era candidato à Casa Branca, Trump prometeu expulsar milhões de clandestinos. Pouco depois de sua vitória, sua equipe endureceu as recomendações aos agentes federais encarregados de controlar os imigrantes ilegais, começando por aqueles com antecedentes criminais.
"Santuários" e programas televisivosOs prefeitos democratas de Nova York (Bill de Blasio), Los Angeles (Eric Garcetti) e Chicago (Rahm Emanuel), cidades que se definem como "santuários" para os imigrantes, lideram uma iniciativa sobre a questão "como nunca houve antes", explica Sam Abrams, professor no Sarah Lawrence College.
Apoiados por suas polícias municipais, comprometeram-se a proteger os estrangeiros que não cometeram crimes violentos, enquanto os primeiros casos de detenção de clandestinos semeiam o pânico entre os imigrantes ilegais.
Outras críticas a Trump chegam pela televisão, especialmente nos programas noturnos, na fronteira entre a política e o entretenimento, como "Saturday Night Live", decano do gênero com mais de 40 temporadas na NBC.
Suas caricaturas de Trump ou de seu porta-voz Sean Spicer, cujas gafes já viraram lendas, alimentam as manchetes do domingo.
"É difícil avaliar a sua importância, mas quando tomam alguém como alvo torna-se rapidamente um clássico", diz Abrams, recordando o efeito desastroso que teve sobre a candidatura da conservadora Sarah Palin à vice-presidente nas eleições de 2008 das caricaturas no "Saturday Night Live".
De forma geral, o showbiz, que havia apostado quase inteiramente a favor da candidata democrata derrotada Hillary Clinton, está superpovoado de personalidades prontas para atacar Trump, desde Meryl Streep a Michael Moore, passando por Bruce Springsteen, Snoop Dogg e Robert de Niro.
Quinta colunaEste cenário de "intensa mobilização", aponta Abrams, é completado pelos milhares de anônimos que se expressam nas redes sociais, como os seguidores do movimento "Indivisible", que invadem as reuniões públicas de legisladores para exortá-los a resistir às medidas mais controversas do governo.
De qualquer forma, todas essas vozes heterogêneas "eram amplamente previsíveis" e não modificam a paisagem política americana, "muito polarizada há anos", diz Robert Shapiro, professor de ciência política na Universidade de Columbia.
A ameaça real para Trump vem de "seu próprio campo", especialmente de senadores republicanos, como John McCain e Lindsey Graham, cujas críticas ao presidente no caso da interferência russa na eleição presidencial foram julgadas "muito importantes" por este analista.
Outro sinal da oposição interna foi o fracasso, no final de março, da reforma da saúde que Trump pretendia adotar para substituir o 'Obamacare' e que não foi aprovada em razão da deserção de vários legisladores republicanos.
Esta era uma das principais promessas de campanha de Trump, e seu fracasso pode fazê-lo perder muitos eleitores.
A grande "Marcha das Mulheres", que reuniu milhões de pessoas nos Estados Unidos em 21 de janeiro, um dia após a posse do magnata republicano, foi o ponto de partida do confronto.
O primeiro cabo de guerra ocorreu seis dias depois, em 27 de janeiro, com a publicação do decreto presidencial suspendendo a entrada no país de pessoas provenientes de sete países muçulmanos, incluindo aqueles que tinham visto ou documentos válidos.
No fim de semana seguinte, centenas de viajantes se viram bloqueados nos aeroportos de todo o mundo, provocando a mobilização de uma série de advogados e da poderosa organização de defesa dos direitos civis American Civil Liberties Union, questionando a legalidade do decreto.
Um juiz federal de Seattle, James Robart, bloqueou poucos dias depois a aplicação do decreto, marcando a primeira vitória para o movimento incentivado pelo Partido Democrata.
Em 15 de março, a administração de Trump apresentou uma nova versão do decreto, mas um juiz federal do Havaí, Derrick Watson, também o bloqueou, vendo nele "evidências significativas e irrefutáveis de animosidade religiosa".
Esta batalha judicial foi acompanhada de manifestações quase diárias de apoio aos imigrantes, em fevereiro e março.
No entanto, a disputa sobre a questão da imigração está longe de terminar.
Quando era candidato à Casa Branca, Trump prometeu expulsar milhões de clandestinos. Pouco depois de sua vitória, sua equipe endureceu as recomendações aos agentes federais encarregados de controlar os imigrantes ilegais, começando por aqueles com antecedentes criminais.
"Santuários" e programas televisivosOs prefeitos democratas de Nova York (Bill de Blasio), Los Angeles (Eric Garcetti) e Chicago (Rahm Emanuel), cidades que se definem como "santuários" para os imigrantes, lideram uma iniciativa sobre a questão "como nunca houve antes", explica Sam Abrams, professor no Sarah Lawrence College.
Apoiados por suas polícias municipais, comprometeram-se a proteger os estrangeiros que não cometeram crimes violentos, enquanto os primeiros casos de detenção de clandestinos semeiam o pânico entre os imigrantes ilegais.
Outras críticas a Trump chegam pela televisão, especialmente nos programas noturnos, na fronteira entre a política e o entretenimento, como "Saturday Night Live", decano do gênero com mais de 40 temporadas na NBC.
Suas caricaturas de Trump ou de seu porta-voz Sean Spicer, cujas gafes já viraram lendas, alimentam as manchetes do domingo.
"É difícil avaliar a sua importância, mas quando tomam alguém como alvo torna-se rapidamente um clássico", diz Abrams, recordando o efeito desastroso que teve sobre a candidatura da conservadora Sarah Palin à vice-presidente nas eleições de 2008 das caricaturas no "Saturday Night Live".
De forma geral, o showbiz, que havia apostado quase inteiramente a favor da candidata democrata derrotada Hillary Clinton, está superpovoado de personalidades prontas para atacar Trump, desde Meryl Streep a Michael Moore, passando por Bruce Springsteen, Snoop Dogg e Robert de Niro.
Quinta colunaEste cenário de "intensa mobilização", aponta Abrams, é completado pelos milhares de anônimos que se expressam nas redes sociais, como os seguidores do movimento "Indivisible", que invadem as reuniões públicas de legisladores para exortá-los a resistir às medidas mais controversas do governo.
De qualquer forma, todas essas vozes heterogêneas "eram amplamente previsíveis" e não modificam a paisagem política americana, "muito polarizada há anos", diz Robert Shapiro, professor de ciência política na Universidade de Columbia.
A ameaça real para Trump vem de "seu próprio campo", especialmente de senadores republicanos, como John McCain e Lindsey Graham, cujas críticas ao presidente no caso da interferência russa na eleição presidencial foram julgadas "muito importantes" por este analista.
Outro sinal da oposição interna foi o fracasso, no final de março, da reforma da saúde que Trump pretendia adotar para substituir o 'Obamacare' e que não foi aprovada em razão da deserção de vários legisladores republicanos.
Esta era uma das principais promessas de campanha de Trump, e seu fracasso pode fazê-lo perder muitos eleitores.
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